A Gerdau divulgou nesta quinta-feira uma queda de 35% no lucro líquido do quarto trimestre em relação ao mesmo período de 2009, pressionada por aumento nos custos de matérias-primas que ficou em descompasso com os preços dos produtos.
A companhia registrou lucro líquido de 420 milhões de reais ante 643 milhões de reais no quarto trimestre de 2009 e 609 milhões de reais entre julho e setembro.
A previsão média de sete estimativas de analistas obtida pela Reuters era de lucro líquido de 222,5 milhões de reais.
Ainda nesta quinta-feira, a Gerdau elevou o volume de recursos de minério de ferro de 1,8 bilhão para 2,9 bilhões de toneladas, após novas avaliações de volumes e de teor de ferro realizadas recentemente e aquisição adicional de áreas.
Com isso, a empresa afirma, sem dar detalhes, que vai aprofundar estudos para "explorar alternativas para monetizar parte desses recursos, avaliando as diversas opções estratégicas".
No trimestre passado, a empresa teve uma geração de caixa operacional medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de 815 milhões de reais, uma queda de 35% sobre os 1,246 bilhão de reais verificados um ano antes. O dado inclui "perdas por não recuperabilidade de ativos" de 336 milhões de reais.
A margem Ebitda caiu de 20 para 10% no período.
Enquanto isso, analistas esperavam, em média, Ebitda de 952,3 milhões de reais, com margem de 12,8%.
"Esse resultado é explicado pelo impacto dos preços das matérias-primas nas diferentes operações de negócios. O descompasso entre os aumentos dos preços das matérias-primas e o repasse nos preços de produtos de aço resultou em uma redução na margem Ebitda consolidada", afirma a Gerdau no balanço sem dar detalhes sobre a proporção de diferença.
O resultado da Gerdau foi divulgado depois que a Usiminas anunciou na semana passada lucro de 413 milhões de reais, queda de 38%, menor que a esperada pelo mercado, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Pelos números da Gerdau, as operações do Brasil e com aços especiais sofreram quedas no Ebitda e alta de quase 40% nos custos das vendas, enquanto as áreas da América do Norte e América Latina registraram incrementos na geração de caixa.
No Brasil, a queda no Ebitda foi de 54% no quarto trimestre, enquanto em aços especiais o recuo foi de 6%. Já nas operações na América do Norte, um incremento na atividade econômica apoiou um crescimento de 13% no Ebitda e aumento de 27% no custo de venda. Na América Latina houve altas de 66% e 35%, respectivamente.América do Norte lidera
A companhia produziu 4,378 milhões de toneladas de aço bruto no quarto trimestre, um crescimento de 14% sobre o mesmo período de 2009, puxado por salto de 30% na América do Norte, para 1,51 milhão de toneladas, e de 21% na América Latina, para 431 mil toneladas.
No Brasil, onde grande volume de importações de aço afetou a indústria siderúrgica, o volume produzido cresceu ligeiros 3%, para 1,718 milhão de toneladas na comparação anual. A divisão de aços especiais registrou incremento de 8% no volume produzido, a 721 mil toneladas.
Enquanto isso, as vendas subiram 23%, para 4,513 milhões de toneladas. Na operação brasileira, houve queda de 1% nas vendas ao mercado interno, com queda de 7% na receita líquida, e salto de 128% nas exportações.
A Gerdau fechou o trimestre passado com receita líquida de 7,8 bilhões de reais, aumento de 23% na comparação anual.
A empresa anunciou na véspera investimento de 2,47 bilhões de reais até 2016 para aumentar em 50% sua usina de aços longos no Rio de Janeiro. Em 2010, o investimento da Gerdau somou 1,3 bilhão de reais.