Plataforma P-59, na bacia de Campos| Foto: Agência Petrobras

Abastecimento tem prejuízo de R$ 23 bi

Agência Estado

Os reajustes nos preços da gasolina e do diesel autorizados pelo governo federal a aplicados pela Petrobras em meados do ano passado não foram suficientes para evitar que a estatal continuasse a registrar prejuízo líquido na área de Abastecimento no segundo semestre. Após reportar prejuízo de R$ 5,652 bilhões no terceiro trimestre, a companhia teve perdas de R$ 5,650 bilhões na mesma área entre outubro e dezembro. Com isso, o resultado no acumulado de 2012 foi negativo em R$ 22,931 bilhões, salto de 130,3% em relação a 2011. O desempenho da área limitou o lucro trimestral da Petrobras, impulsionado principalmente pela área de Exploração e Produção (E&P). O lucro nessa área somou R$ 11,521 bilhões, acréscimo de 11,5% em relação ao quarto trimestre de 2011. No ano o lucro da área de E&P alcançou R$ 45,446 bilhões, expansão de 11,9% em relação ao ano anterior.

CARREGANDO :)

R$ 147,8 bilhões é a dívida líquida da Petrobras, segundo o balanço. O número equivale a um aumento de 43%

O lucro da Petrobras caiu 36% em 2012, para R$ 21,2 bilhões, sob reflexo da menor produção de petróleo da empresa e da prática de preços defasados no mercado interno em relação ao internacional para a gasolina e o diesel. A queda na produção de petróleo, de 2%, foi a primeira registrada desde 2004.

Publicidade

Em carta aos acionistas, a presidente da empresa, Graça Foster, discorreu sobre os motivos para a queda de lucro, esperada pelo mercado. "Esse resultado, 36% inferior ao de 2011, é explicado pelo aumento da importação de derivados a preços mais elevados, pela desvalorização cambial, que impacta tanto nosso resultado financeiro como nossos custos operacionais, pelo aumento de despesas extraordinárias como a baixa de poços secos e pela produção de petróleo", escreveu. A capacidade de geração de caixa da companhia, medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), também sofreu em 2012, caindo 14%.

Dívida

Ao mesmo tempo, o endividamento líquido deu um salto de 43%, para R$ 147,8 bilhões. O nível de endividamento da Petrobras atingiu 30% – era de 24% há um ano –, aproximando-se cada vez mais do limite de 35% estipulado pela própria companhia para manter o grau de investimento com a agências de classificação de risco.

A relação da dívida líquida sobre a geração de caixa da companhia, que é observada pelas agências para avaliar as empresas, ultrapassou a barreira limite de 2,5, chegando aos 2,77, (era de 1,66 em dezembro de 2011), o que acende a luz amarela no mercado para possível rebaixamento da nota. "A Petrobras está colhendo o que o governo plantou quando fez da empresa um instrumento de política pública", disse o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.

A importação de petróleo e derivados aumentou 4% e alcançou 779 mil barris por dia. Com isso, a empresa fechou 2012 com um déficit de 231 mil barris diários. ANP Relatório divulgado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) mostra que a produção de petróleo no país caiu 4,9% em 2012, puxada pela Petrobras.

Publicidade

Somando as 27 empresas que produzem petróleo no Brasil, a produção ficou em 2,1 milhões de barris diários. A Petrobras lidera o ranking, com 93,1% da produção total, ou 1,958 milhão de barris/dia.