São Paulo O Banco do Brasil registrou um lucro líquido de R$ 6,043 bilhões em 2006, novo recorde histórico para o setor bancário no país, com alta de 45,5% na comparação com 2005. Mas esse resultado foi inflado em cerca de R$ 3,1 bilhões por receitas extraordinárias, como a recuperação de créditos tributários. Sem isso, o chamado lucro recorrente do BB seria de R$ 3,6 bilhões (variação de 4,6% sobre 2005), abaixo do ganho contábil informado pelo Bradesco (de R$ 5,054 bilhões) e pelo Itaú (de R$ 4,308 bilhões).
Publicado ontem, o balanço do BB revelou ainda um apetite por crédito maior do que o de seus concorrentes privados. A carteira total de empréstimos alcançou em dezembro de 2006 o valor de R$ 133,2 bilhões, 30,8% a mais sobre 2005. O BB ficou bem à frente da média apresentada pelo resto do mercado, de 20,8%, segundo dados do Banco Central. Algumas linhas tiveram aumento superior a 100%, caso do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento), com salto de 117,8%, e do financiamento para venda de veículos, alta de 375,9%.
As apostas para este ano não são menores, segundo o presidente do BB, Antônio Francisco de Lima Neto. Ele prevê um aumento entre 26% e 30% da carteira de crédito, novamente puxada pelo segmento de pessoa física e pequenas empresas.
O cenário positivo para o crédito inclui também as operações para o setor agrícola, cuja crise obrigou o banco no ano passado a renegociar as dívidas em atraso de 330 mil produtores, no valor total de R$ 5,8 bilhões. Os prazos de pagamentos foram alongados em cinco anos.
O Banco do Brasil prepara agora sua entrada em novos segmentos de mercado. Um deles é o de crédito habitacional. Um projeto-piloto funciona desde janeiro em agências de Brasília, e a meta é começar a trabalhar com uma carteira própria a partir de meados deste ano.
O BB também quer reformar sua atuação no mercado de renda variável. O banco ainda tem uma participação discreta, por exemplo, na assessoria a empresas que planejam colocar papéis no mercado acionário. A possibilidade de o país ser promovido a "grau de investimento" ("investment grade") nos próximos anos aqueceria ainda mais esse mercado. "Vamos buscar um posicionamento mais firme", disse o presidente do BB.