Os empréstimos do BB somaram R$ 804,6 bilhões no terceiro trimestre| Foto: Pilar Olivares/Reuters

O Banco do Brasil, maior instituição financeira do país em ativos, anunciou nesta quinta-feira (12) que teve lucro líquido de R$ 3,06 bilhões no terceiro trimestre, crescimento de 10,1% em relação ao mesmo período de 2014.

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Em bases recorrentes – que excluem ganhos e perdas extraordinárias –, o lucro do banco foi de R$ 2,881 bilhões, praticamente estável na comparação com os R$ 2,885 bilhões de um ano antes.

Os empréstimos do BB somaram R$ 804,6 bilhões no terceiro trimestre, crescimento de 9,77% na comparação com o mesmo período de 2014. Em relação aos três meses anteriores, a carteira de crédito avançou 3,58%.

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Por segmento, a maior expansão se deu no crédito para o agronegócio, com crescimento de 8,5% na comparação com o terceiro trimestre de 2014, para R$ 171,8 bilhões.

Os empréstimos para pessoas físicas avançaram 8,1% entre junho e setembro em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 189,6 bilhões. Destaque para a retração de 7,8% no financiamento de veículos no terceiro trimestre e para a queda de 6,3% no cheque especial nos mesmos três meses.

Na ponta contrária, a carteira de financiamento imobiliário do banco saltou 36,8% de junho a setembro na comparação com o mesmo intervalo de 2014, para R$ 35,2 bilhões.

O crédito para empresas cresceu 5,9% na mesma base comparativa, até R$ 362,2 bilhões.

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Inadimplência

O índice de inadimplência acima de 90 dias fechou o trimestre em 2,20%, leve alta em relação aos 2,04% do segundo trimestre e aos 2,09% no terceiro trimestre de 2014.

Apesar da leve alta da inadimplência, o banco elevou em 40,1% sua provisão para perdas com calotes na comparação anual. O valor passou de R$ 4,57 bilhões no terceiro trimestre de 2014 para R$ 6,407 bilhões nos três meses encerrados em setembro deste ano. Em relação ao segundo trimestre, quando o montante foi de R$ 5,53 bilhões, o aumento foi de 15,86%.

O banco também revisou algumas projeções, incluindo a expectativa de crescimento da carteira de crédito da pessoa jurídica este ano para 5% a 9% ante 7% a 11% estimados anteriormente.

Preocupação

O balanço do Banco do Brasil deixou analistas preocupados com a piora da qualidade da carteira de crédito e queda da rentabilidade, o que ofuscou o controle de custos e maiores receitas com tarifas.

“Não gostamos do balanço do terceiro trimestre, tanto do ponto de vista do lucro quanto do qualitativo”, resumiram os analistas Francisco Kops e Olavo Arthuzo, do J.Safra, em relatório, destacando a piora nos indicadores de inadimplência especialmente nas operações com empresas.

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Maior banco do país em ativos, o BB divulgou logo cedo lucro ajustado abaixo da previsão média do mercado, principalmente devido a um salto de 40% nas provisões para perdas com calotes, após o índice de inadimplência ter subido nas comparações sequencial e anual.

Analistas foram unânimes em pontuar que pior que isso foi a deterioração pronunciada dos chamados indicadores antecedentes, como os de atrasos nos pagamentos acima de 15 e de 60 dias.

“A deterioração acentuada da inadimplência de curto prazo sugere que a piora da qualidade dos ativos deve durar muito tempo”, afirmaram analistas do Credit Suisse liderados por Marcelo Teles, reforçando a recomendação de ‘underperform’ (abaixo da média do mercado) para as ações do banco.

Concentração

Isso, num momento em que a participação de setores bastante enfraquecidos financeiramente, como petróleo, energia elétrica e siderurgia, aumentou na carteira de crédito do BB na comparação com setembro do ano passado.

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O aumento da concentração da carteira foi notada pelos analistas Thiago Batista, Guilherme Costa e Alexandre Spada, do Itaú BBA, os quais alertaram que os resultados abaixo do esperado no trimestre podem levá-los a reduzir as estimativas para o banco.

Durante entrevista a jornalistas, o vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do BB, José Mauricio Pereira Coelho, disse que o banco prevê manter níveis de inadimplência em patamares consistentemente abaixo da média do mercado, mas trajetória similar.

Os comentários, no entanto, aparentemente não acalmaram analistas, alguns deles já prevendo possíveis desdobramentos de uma piora adicional da carteira de crédito.

“A rentabilidade baixa – que pode se estender para os próximos trimestres dado o cenário – pode levantar temores sobre necessidade de capital”, escreveram os analistas Eduardo Rosman e Gustavo Lobo, do BTG Pactual.

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