Começou uma nova safra de balanços de bancos, com recorde de lucro do Unibanco. E quem ganha com isso são os que apostaram na compra de ações de bancos. E não são poucos: os papéis dos bancos são vedetes no mercado de ações. A pergunta é: ainda vale comprar ação de banco ou ela já está cara demais e quem entrar agora não vai ganhar dinheiro? E o preço atual, está dentro da realidade ou alto demais e corre o risco de cair?

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Para os analistas, é consenso que as ações dos bancos são opção segura de investimento. Além de manterem otimismo com o desempenho do setor bancário na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), eles ainda apostam em alguma alta e indicam o melhor: as instituições financeiras estão entre os melhores pagadores de dividendos. Ou seja, os bancos redistribuem a seus acionistas, periodicamente, parte do lucro que geram.

Nos últimos 12 meses, as ações preferenciais do Bradesco, maior banco privado do país, subiram 127%, contra cerca de 38% do Índice Bovespa no mesmo período. As ações preferenciais da Itaúsa avançaram 85,60% nos últimos 12 meses e as "units" do Unibanco subiram 101%.

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O Unibanco foi o primeiro a anunciar resultados fechados de 2005. A instituição obteve lucro recorde de R$ 1,838 bilhão no ano passado, com alta de 43% sobre 2004.

Também estão na Bovespa as ações do Banco do Brasil e Banespa. A mais nova ação "bancária" na bolsa é Nossa Caixa ON, primeiro banco a ingressar no chamando Novo Mercado da bolsa, caracterizado pela maior transparência na gestão. A ação da Nossa Caixa acumula alta de 49,7% desde a estréia, em 28 de outubro.

Para Rafael Quintanilha, analista de investimentos da corretora Ágora Senior, é na concessão de crédito que está o maior potencial de crescimento dos bancos em 2006, que certamente será refletido nos preços das ações. No ano passado, os números do crédito brasileiro mostram que ele somou R$ 600 bilhões, com crescimento de 21,5%.

- À medida que os juros reduzem a rentabilidade dos fundos, aumentam a demanda por consumo e crédito. Estamos prevendo um aumento de 25% nas carteiras este ano - disse o analista.

Quintanilha ressalta que o crédito brasileiro ainda representa 31% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Nos países desenvolvidos, a relação crédito X PIB supera os 50%. Confirmadas as previsões, o analista afirma que os resultados dos bancos deverão continuar em alta, gerando valorização às ações do setor.

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Além de lucrar com a cobrança de juros nos empréstimos e no cheque especial, os bancos também encontraram nas tarifas bancárias um bom canal de captação de recursos. Para quem está insatisfeito com os juros e tarifas cobradas, uma boa alternativa é se tornar sócio do banco e receber parte dinheiro de volta. Diz o ditado que quando não se pode 'vencer o inimigo', é melhor unir-se a ele.

Para Catarina Pedrosa, analista do Banif Primus Banco de Investimento, o pagamento mensal de dividendos é uma das vantagens da aplicação em ações "financeiras". Ela também exalta a segurança que esses papéis representam.

- Os dividendos garantem um mínimo de rentabilidade, que vai pingando na conta do investidor. É uma boa opção para quem busca segurança, porque o risco é baixo - afirma.

Mas a analista não acredita que as ações dos bancos terão fôlego para alta vertiginosas este ano. Para ela, o setor continua a ir muito bem, mas as valorizações acima de 100% nas ações podem não se repetir. Catarina aconselha o investidor a buscar nos bancos uma rentabilidade "lenta e segura", não esperando ganhos expressivos como os procurados nas operações de "giro".

Na visão de Eduardo Pfiszter, analista de bancos da Fator Corretora, as ações dos bancos não estão caras, se for analisado o atual patamar de risco-país brasileiro. Resta saber se o Brasil consolidou esse patamar, ou se ainda está suscetível aos movimentos externos, diz.

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- As altas dessas ações estão muito ligadas aos resultados dos bancos, e ainda teremos de aguardar a conclusão dos balanços de 2005. De qualquer forma, creio que quem possui ações bancos não está disposto a se desfazer delas - disse o economista.

Por conta dessa avaliação, Pfiszter acredita que as chances de as ações dos bancos passarem por uma correção neste ano é "quase zero".