Caixa eletrônico: cada banco se dá ao luxo de ter sua própria rede.| Foto: Aniele Nascimento/Arquivo Gazeta do Povo

Em meio à batalha do governo para reduzir custos financeiros e diante do desafio de continuarem competitivos frente à concorrência, os bancos públicos preparam um conjunto de ações com o objetivo de cortar despesas operacionais e administrativas. A principal medida é ampliar a unificação de caixas eletrônicos e concentrar os serviços de processamento de dados.

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Nos próximos seis meses, o Banco do Brasil (BB) - que já compartilha caixas eletrônicos com a Caixa Econômica Federal - passará a dividir os terminais de autoatendimento com Bradesco e Santander. Em junho, a Caixa vai concentrar em Brasília os centros de processamento de dados que estão no Rio e em São Paulo. O novo datacenter está sendo construído em parceria com o BB.

A movimentação, segundo fontes do mercado, provocou o Itaú Unibanco, que deu mostras de que vai seguir o exemplo dos rivais, racionalizando o uso de terminais de atendimento com o compartilhamento de serviços. Um exemplo gritante de ineficiência para Mário Pierry, analista do Deustsche Bank, é o fato de os bancos nacionais terem caixas eletrônicos próprios, enquanto nos países avançados, as máquinas são compartilhadas. "A receita dos bancos brasileiros é tão boa que eles nem se preocupam com o custo", disse.

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Há no país cerca de 180 mil máquinas, sendo que 20 mil estão em ambientes externos e poderiam ter uso compartilhado imediatamente. Apesar de dividir máquinas com a Caixa, o BB gasta por ano R$ 1 bilhão com manutenção de terminais. Para se ter uma ideia do grau de ineficiência dos bancos brasileiros, até o ano passado, os cheques a serem compensados viajavam pelo país, por avião ou via terrestre, apesar de o sistema ter avançado em termos de tecnologia e ser uma referência mundial.

"No passado, com a inflação alta os bancos ganharam muito dinheiro e investiram pesado em automação bancária. Mas se deram ao luxo de ter sua própria rede, o que gerou ineficiência", disse o vice-presidente de Atacado do BB, Rogério Caffarelli. Com exceção de áreas estratégicas para os negócios, como jurídico, contabilidade e recursos humanos, Caffarelli defende que o setor pode compartilhar várias tarefas para aumentar a eficiência operacional. Entre elas, processamento de dados, troca de imagens e compartilhamento de terminais. Para ele, os bancos terão que buscar alternativas, pois o país já alcançou taxa de juros de um dígito.