O grupo francês de varejo Casino sofreu uma queda acentuada no lucro do primeiro semestre em seu mercado doméstico, após redução de preços para atrair mais clientes, o que acabou ofuscando forte desempenho da empresa fora da França.
A varejista, que recentemente enfrentou a tentativa de seu sócio brasileiro de unir as operações do Grupo Pão de Açúcar às do rival Carrefour no Brasil, informou nesta quinta-feira que teve lucro 22 por cento menor na França nos seis meses até junho.
"Os resultados mistos do Casino confirmam o quanto o mercado francês permanece difícil", afirmaram analistas do banco Espirito Santo em nota. "O desenvolvimento dos negócios internacionais permanece animador, mas com incertezas quanto à situação no Brasil".
O Casino possui 10 mil lojas em 10 países, com maior presença em países emergentes do que muitos de seus rivais.
No primeiro semestre, o lucro consolidado da companhia cresceu 6 por cento, para 571 milhões de euros (821 milhões de dólares), abaixo da previsão média de analistas de 580 milhões de euros.
Já o lucro em operações internacionais saltou 55 por cento, respondendo por mais da metade do ganho total do grupo pela primeira vez, impulsionado por aquisições no Brasil e na Tailândia.
As vendas do Casino avançaram 19 por cento, para 16,1 bilhões de euros. A empresa elevou a previsão de ganhos com a venda de ativos para 1 bilhão de euros, contra 700 milhões anteriormente.
O grupo encerrou junho com endividamento de 6,8 bilhões de euros, decorrente de custos com aquisições, sendo que juros maiores levaram a uma queda de 14 por cento no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), para 178 milhões de euros.
PÃO DE AÇÚCAR
Em meio à possibilidade do Casino fortalecer seu controle no Grupo Pão de Açúcar em junho de 2012, analistas seguem na expectativa para saber como ficará a relação do grupo francês com seu sócio Abilio Diniz, e se o empresário tentará alguma outra manobra.
Nesta quinta-feira, o presidente-executivo do Casino, Jean-Charles Naouri, afirmou que planeja exercer a opção para assumir o controle do Pão de Açúcar no ano que vem.
O executivo disse também que não planeja adquirir a fatia de Diniz na varejista brasileira. Além disso, Naouri afirmou que não venderá sua posição no grupo brasileiro e que não visa tentar afastar o empresário da presidência do conselho do Pão de Açúcar.