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Bancos

Lucros virão "turbinados" em 2010

 | Price Chambers /Reuters
(Foto: Price Chambers /Reuters)

São Paulo - A safra de balanços de bancos do primeiro semestre chamou a atenção pelo brutal aumento das reservas anticalote, conhecidas tecnicamente como provisões. Nas cinco maiores instituições do país, o aumento foi de quase 80% em relação a igual período do ano passado. O movimento, explicado pela disparada da inadimplência, causou um efeito colateral: o lucro líquido dos cinco grandes – Banco do Brasil, Itaú-Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander/Real – caiu 13% no mesmo intervalo. Com a melhora do cenário econômico brasileiro, a partir do segundo trimestre, analistas acreditam que os balanços voltarão a mostrar a realidade à qual o setor se acostumou nos últimos anos: ganhos em alta. "Os lucros dos bancos serão bem mais robustos no segundo semestre", afirmou o analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu.

Segundo ele, no primeiro semestre, as instituições seguraram a concessão de crédito, ao mesmo tempo em que elevaram as provisões. Em outras palavras, fizeram um colchão polpudo para amortecer o impacto do calote. Em compensação, praticamente não emprestaram dinheiro novo, o que diminui o risco de perdas futuras.

Com a economia voltando a crescer, como já apontam vários indicadores, a tendência é a inadimplência recuar. Isso, por sua vez, abre espaço para os bancos reverterem as provisões anteriores em lucro ou diminuírem as reservas para créditos que serão concedidos no futuro, o que, na prática, tem o mesmo efeito no balanço. "Teoricamente, vamos assistir a um salto nos lucros dos bancos", disse o analista de instituições financeiras da Lopes Filho Corretora, João Augusto Salles. "A dúvida é saber se eles vão reverter as provisões já feitas em lucro." O especialista explicou que essa decisão envolve a área fiscal das instituições, uma vez que as provisões geram créditos tributários.

Outra dúvida, levantada pelo analista Jayme Alves, da Spinelli Corretora, diz respeito ao momento em que esse lucro potencial aparecerá nos balanços. "Só o veremos em 2010, uma vez que os bancos avaliam que a inadimplência começará a estabilizar apenas no quarto trimestre", afirmou.

Santacreu acredita que haverá algum efeito neste segundo semestre porque as reservas já feitas pelos bancos cobrirão a provável alta do crédito nos próximos meses – na média, as instituições esperam um avanço da carteira de empréstimos de 10% a 15% até o fim de 2010.

O raciocínio de Santacreu toma por base as regras do Banco Central para o estabelecimento de provisões. Segundo a regulamentação, para cada real emprestado, os bancos têm de reservar uma parte para cobrir eventuais calotes. Essa parcela varia conforme o perfil do cliente, definido por letras do alfabeto. "A" é o menos arriscado e "H", o mais. "Como as provisões foram expressivas, os bancos não terão de reservar tanto dinheiro para os empréstimos que farão daqui para a frente. Com isso, os lucros vão aumentar."

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