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Luis Nassif tem paixão pela rede

Manifestantes deitaram de mãos dadas no calçadão por cerca de meia hora | LUISA DE PAOLA/ AFP PHOTO
Manifestantes deitaram de mãos dadas no calçadão por cerca de meia hora (Foto: LUISA DE PAOLA/ AFP PHOTO)

São Paulo – O jeito rápido de falar já indica que o jornalista Luis Nassif não quer saber de vida mansa. Tanto que abandonou, no ano passado, uma bem-sucedida coluna em um dos maiores jornais do país para se dedicar à internet. Viciado em tecnologia, ele permanece conectado o tempo todo e acha que chegou a hora de usar a web para descobrir maneiras de melhorar o Brasil. "Há um conhecimento difuso por aí, que é relevante. A internet permite reunir tudo isso."

Ex-colunista da "Folha de S. Paulo", Nassif dedica agora a maior parte do seu tempo à Agência Dinheiro Vivo, que criou em 1988, e ao seu blog (luisnassif.blig.ig.com.br), que traz informações sobre economia e também cultura, principalmente sobre música instrumental brasileira. A agência, pioneira no conceito de informação eletrônica, mantém dois sites: o "Guia Financeiro" (www.dinheirovivo.com.br) – com notícias sobre contas externas, mercado, política monetária, entre outros temas – e o "Projeto Brasil" (www.projetobr.com.br), um fórum de discussões sobre o país.

Por meio dessas páginas, Nassif estimula debates e procura extrair o máximo de ensinamentos desse caldeirão de informações. Ele vê a internet como uma ferramenta indispensável para fazer com que o conhecimento produzido pelo país sobre os mais variados assuntos seja amplamente divulgado, o que não ocorre hoje. "Há um conhecimento acumulado que ficou preso, esmagado, por falta de disseminação", destaca. Segundo o jornalista, muitas das idéias e experiências que surgem em universidades, igrejas ou partidos políticos não chegam à sociedade.

Tanto o site "Projeto Brasil" como o blog servem como um canal para que essas informações passem a circular. Logo após o acidente com o Boeing da Gol, em setembro do ano passado, por exemplo, Nassif decidiu pôr uma nota no seu blog. "A única coisa que fiz foi uma provocação: disse que aquele negócio de desligar o transponder para fazer malabarismo não estava fechando", lembra. "De repente vem um piloto que te dá um conjunto de informações, um controlador que fala em off." Na semana posterior ao acidente, ele conseguiu montar todo o quadro com as hipóteses do acidente e descobrir coisas que só apareceram na imprensa tempos depois, como os problemas com os controladores de vôo.

Embora a internet permita discussões densas e variadas, o jornalista acha que o próximo passo é filtrar todo esse conhecimento. "A primeira parte, que é o porre, é quando todo mundo percebe que pode opinar. Então você tem um caos criativo que é muito importante", diz. "A segunda parte é como você pode aprender a estruturar essas discussões." Por isso mesmo, o "Projeto Brasil" ganhará uma ferramenta Wiki para ajudar numa melhor organização dos debates que já ocorrem dentro do site. "Temos hoje um acervo de trabalhos sobre políticas públicas que acho que é o maior do país."

Dono de dois notebooks, de um micro de mão e de um smartphone, ele não deixa de dar uma espiada na tela do PC ao ouvir o som do MSN e do Skype. Quando está em trânsito, Nassif trabalha dentro do carro. E não deixa de usar o computador para tocar outros projetos quando chega em casa, à noite, depois de participar do "Jornal da Cultura".

O interesse pelo mundo digital surgiu de repente, num estalo. "Saía do ‘Jornal da Tarde’, passava numa dessas lojas de fliperama e ficava 40 minutos lá", lembra. "Também ficava jogando xadrez durante horas." Como gostava de desafios que estimulassem o raciocínio, Nassif achou que aproveitaria melhor o seu tempo se estudasse matemática financeira e programação de computadores. Gostou tanto que não se desligou mais desse mundo. Não deixa de lado o computador nem mesmo quando está descansando. "É uma diversão", conta.

Segundo Nassif, a troca intensa de informações pela internet mudará no futuro o modo de trabalho dos jornalistas, que conseguirão entender assuntos complexos em tempo recorde. "A interação dos blogs é fundamental. Te dá a sensibilidade para ver se você está sendo bem entendido", afirma.

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