Os brasileiros da chamada classe D/E, com renda familiar até R$ 3,2 mil, devem ver a renda crescendo menos do que o esperado até o final do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na comparação com as classes A e B, segundo um estudo recente da Tendências Consultoria.
O levantamento aponta que, ao final deste ano, o aumento de renda será de 6,4% entre os brasileiros da classe D/E por conta do reforço em programas sociais como o aumento do Bolsa Família e do Auxílio Gás, a redução da fila do INSS e a volta do Minha Casa Minha Vida, entre outros.
Será um crescimento semelhante ao das classes A e B, de 6%, mas que vai espremer a C, com ganhos de apenas 2,2%. No entanto, a partir do ano que vem, estes ganhos começam a ser diluídos e a distância entre as classes vai voltar a aumentar.
“A mobilidade social daqui para a frente se dará em ritmo reduzido, num fenômeno típico de países com alta desigualdade. Enquanto há lenta migração para a classe média, as classes mais altas liderarão a retomada e o crescimento da renda”, explica Lucas Assis, analista de macroeconomia da Tendências, em entrevista à Folha de São Paulo.
O aumento da renda que será visto neste ano não vai se refletir em 2024 segundo especialistas, já que não vai haver uma nova injeção de recursos na economia como ocorreu com a PEC fura-teto de R$ 145 bilhões, no final do ano passado, que ajudou a inflar os programas sociais do governo e aumentar a renda familiar per capita.
“O ano que vem será de muita incerteza fiscal”, explica Marcelo Neri, diretor da FGV Social.
De acordo com ele, as medidas fiscais tomadas no segundo semestre do ano passado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ajudaram a elevar a renda per capita das famílias a R$ 374, mesmo patamar corrigido pela inflação do visto em 2014, de R$ 375, melhor patamar da série histórica.
No entanto, no longo prazo, o estudo mostra que a recuperação econômica vai beneficiar os mais ricos (ganhos acima de R$ 7,6 mil) e deixar a classe média (R$ 3,2 mil a R$ 7,6 mil) em um ritmo mais estável. O avanço da classe D/E para a C, que foi um dos principais destaques nos dois primeiros governos de Lula, não será tão intenso neste terceiro mandato.
A Tendências aponta que o crescimento da renda será, ao fim de 2026, de 0,7% para a classe D/E; 1,4% para a C; 2,8% para a B e 3,7% para a A. Os mais ricos vão se beneficiar de uma remuneração maior de investimentos (com juros altos), aluguéis e lucros das próprias empresas, que devem voltar a patamares históricos mais elevados do que nos últimos anos.
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