O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou o Congresso Nacional de sequestrar o Orçamento do Poder Executivo e ficar com quase a metade que tem para investir em políticas públicas. O governo e os parlamentares vêm em atrito desde a semana passada quando o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão das chamadas “emendas PIX”, que liberam recursos a aliados com pouca ou nenhuma transparência.
A decisão de Dino foi embasada, ainda, por um pedido feito pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, para também suspender esta modalidade de pagamento depois do STF também já ter proibido no passado as chamadas “emendas de relator”. Dino e Gonet foram indicados por Lula aos cargos, o que abriu a desconfiança de deputados de que a suspensão tenha sido encomendada pelo Planalto – o que é negado pelo governo.
Lula afirmou que, embora haja este atrito entre o Executivo e o Legislativo pelo Orçamento, ele pretende chegar a um acordo com o Congresso. Há a expectativa de que deputados façam uma retaliação ao governo por causa da decisão de Flávio Dino.
“Como eu sou favorável a estabelecer um acordo com o Congresso Nacional para que a gente dê condições do Congresso sobreviver, o governo não precisa só sobreviver, precisa governar. A gente é eleito, tem um mandato de quatro anos, e eu tenho um programa de governo que eu quero cumprir”, disse Lula em entrevista à Rádio T, de Curitiba, nesta quinta (15).
Lula afirmou que o Congresso tem R$ 57 bilhões em emendas para investimento, enquanto que o governo tem R$ 60 bilhões. Ele disse que não é contra essa atuação dos parlamentares com suas bases, mas que “não tem nenhum país do mundo em que o Congresso tenha sequestrado parte do Orçamento pra ele independentemente do Poder Executivo que é quem tem obrigação de governar”.
O presidente afirma que essa prática começou ainda durante o governo de Dilma Rousseff (PT), que o sucedeu no Planalto, em meio às rusgas com o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PTB) e a criação das emendas impositivos. “Isso foi começo de uma loucura que aconteceu neste país”, frisou Lula.
“Eu não sou contra o deputado ter uma emenda, ele foi eleito e tem que levar uma obra para a sua cidade, tem que fazer alguma coisa”, pontuou.
Lula afirma que “é muito dinheiro que não tem critério no Orçamento planejado que a gente faz para o país. Eu, por exemplo, fiz um [Novo] PAC que não é um projeto meu, é da sociedade brasileira. Quando fazemos o Plano Plurianual, é uma coisa discutida com a sociedade. Eu sou obrigado a tirar dinheiro de uma área para poder pagar uma emenda e começa a dificultar”.
Em outros momentos deste terceiro mandato, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) chegou a dizer que o governo estava colocando em ordem essa grande distribuição de emendas, que teria sido usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para ter governabilidade.
Pouco depois da decisão de Flávio Dino de suspender as “emendas PIX” e pedir mais explicações e transparência sobre a destinação dos recursos, o deputado Danilo Forte (União-CE) afirmou que prepara duas propostas em reação às novas regras. Ele é, também, o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
A primeira tem como objetivo instituir a “emenda de partido”, em substituição às emendas de comissão. Estas deverão ser impositivas, distribuídas pelos líderes partidários e terão o valor baseado no tamanho da bancada.
Já a segunda traz de volta o calendário de pagamentos, aprovado e depois vetado no orçamento deste ano. “Quanto mais impositivo for o Orçamento, melhor. Assim conseguimos evitar as bombas fiscais e ficamos com uma realidade orçamentária mais enxuta e realista”, afirmou.
O minério brasileiro que atraiu investimentos dos chineses e de Elon Musk
Desmonte da Lava Jato no STF favorece anulação de denúncia contra Bolsonaro
Fugiu da aula? Ao contrário do que disse Moraes, Brasil não foi colônia até 1822
Sem tempo e sem popularidade, governo Lula foca em ações visando as eleições de 2026
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast