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Lula confirma Mercadante no BNDES e fala em “acabar” com privatizações

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Aloizio Mercadante será o presidente do BNDES no terceiro governo Lula (Foto: Fabián Mattiazzi/EFE)

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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou o ex-ministro e coordenador técnico do governo de transição, Aloizio Mercadante (PT), para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A possibilidade já havia mexido com o humor do mercado financeiro nos últimos dias. Mesmo assim, Lula bancou o aliado na estatal.

"Aloizio Mercadante, vi algumas críticas sobre você, sobre boatos de que você vai ser presidente do BNDES. Quero dizer a vocês que não é mais boato, o Aloizio Mercadante será presidente do BNDES", afirmou Lula nesta terça-feira (13), durante o evento de encerramento dos trabalhos realizados pelos integrantes dos grupos técnicos.

A escolha de Mercadante preenche alguns requisitos considerados importantes para a política econômica desenvolvimentista do governo eleito. "Nós estamos precisando de alguém que pensa em desenvolvimento, de alguém que pensa em reindustrializar esse país, de alguém que pensa em inovação tecnológica, de alguém que pensa em geração de financiamento ao pequeno, ao médio, ao grande empresário, para que este país volte a gerar emprego", declarou.

A confirmação de Mercadante no BNDES veio acompanhada de uma promessa feita por Lula de que as privatizações serão engavetadas. "Vai acabar as privatizações neste país. Já privatizaram quase tudo. Vai acabar e ainda vamos provocar que algumas empresas públicas vão poder mostrar a sua rentabilidade", disse o petista no início do discurso.

Em outro momento, Lula fez um discurso de incentivo aos investimentos privados no país, mas negou a hipótese de desestatizações. "Nós queremos dizer ao mundo inteiro que, quem quiser vir pra cá, venha. Tem trabalho, tem as coisas para vocês fazerem, tem projeto novo para investimento, mas não venham aqui para comprar nossas empresas públicas, porque elas não estão à venda, e o nosso país vai voltar a ser respeitado com soberania", disse.

Lula discursa ao mercado e assegura "espaço para todo mundo"

A despeito de confirmar Mercadante no BNDES, Lula procurou tranquilizar os investidores. Em fala direcionada ao mercado, o presidente eleito disse que os agentes econômicos nunca ganharam "tanto dinheiro" quanto em 2003 e 2008, quando ele presidiu o país. O petista também fez acenos a empresários dos setores agropecuário, industrial, varejista e financeiro.

"Pergunta ao agronegócio se ganhou tanto dinheiro quanto ganhou no meu tempo. Aos empresários da indústria, se ganharam tanto dinheiro. Aos banqueiros, se ganharam tanto dinheiro", comentou. Lula também prometeu, contudo, ter um olhar econômico para os trabalhadores desses respectivos setores.

"Mas também [pergunte] aos bancários, comerciários e pessoas que ganham salário mínimo porque provamos que é possível governar para todos de verdade, e governar para todos de verdade significa que o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] não é número para se usar em manchete de jornal. Crescimento do PIB só tem sentido se distribuirmos crescimento com aqueles que geraram crescimento, que são os trabalhadores desse país", declarou.

Lula também afirmou que vai cumprir viagens no exterior após tomar posse com o objetivo de "recuperar o prestígio" junto aos Estados Unidos, a China, Alemanha, Argentina e "em qualquer parte do mundo". "Quem quiser ganhar dinheiro venha para este país investir o seu dinheiro porque, no Brasil, tem espaço para todo mundo", disse.

Mercadante fala em "revogaços" de ações do governo Bolsonaro

Em sua fala no evento de encerramento, Mercadante disse que os ministros indicados por Lula receberão sugestões de "revogaços" de medidas adotadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, os grupos técnicos elencaram recomendações que preenchem 23 páginas.

"Estamos passando por uma peneira bem fina para verificar as medidas e suas implicações que irão aos novos ministros para reanalisar e decidir o que será revogado de medidas preliminares para o início do governo", declarou.

O coordenador técnico dos grupos de trabalho não detalhou, porém, quais atos serão passíveis de revogação, nem deu publicidade ao relatório final do gabinete de transição. Lula disse nesta terça-feira ter uma "radiografia perfeita" do "estrago" feito no país, em críticas à gestão Bolsonaro.

Na sexta-feira (9), o petista também sinalizou que seria apresentado algo ao público. O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) falou em um diagnóstico de cada área com "alertas" para os primeiros meses do governo. Porém, nada foi divulgado nesta terça-feira. O governo eleito alega ter informações confidenciais de governo que impedem a publicização do relatório.

Mercadante limitou-se a referenciar a existência de "carências orçamentárias" e que os grupos de trabalho conseguiram desenhar uma "nova estrutura" de governo sem aumentar as despesas com cargo e estrutura. Segundo ele, isso será possível "racionalizando e compartilhando estruturas" para atingir mais eficácia com menos recursos.

O coordenador técnico da transição acusou o governo Bolsonaro de um "apagão fiscal" que limitou recursos até mesmo para a emissão de passaportes e obras de infraestrutura do Ministério do Desenvolvimento Regional. "As chuvas chegaram e não têm dinheiro para cesta básica, para transporte de água, os 1,6 mil caminhões pipa, e não tem investimentos em obras hídricas estruturantes", disse.

Quem é Mercadante, o próximo presidente do BNDES

Aloizio Mercadante é formado em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e tem mestrado na área pela Universidade de Campinas (Unicamp). É membro do PT desde a década de 1980, partido o qual inclusive foi vice-presidente nacional e secretário de Relações Internacionais.

O indicado ao BNDES foi deputado federal por São Paulo durante dois mandatos e senador por um mandato. Nos governos de Dilma Rousseff (PT), foi ministro em três pastas: da Ciência, Tecnologia e Inovação; da Educação (em duas ocasiões); e da Casa Civil.

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