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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disparou contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por conta da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,5% ao ano.
Ele afirmou nesta quinta (20) que a decisão é “uma pena”, referindo-se a Campos Neto como “esse rapaz”. Este tratamento, de não nominá-lo, havia sido deixado de lado há alguns meses.
Lula afirmou que, apesar de respeitar a autonomia do Banco Central, discorda da manutenção dos juros elevados, o que ele acredita ser prejudicial ao país.
“Foi uma pena que o Copom manteve [a taxa Selic], porque quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro. Quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro. Isso tem que ser tratado como gasto”, disse o presidente à rádio Verdinha, de Fortaleza, onde anuncia investimentos na educação do Ceará.
Esta foi a segunda entrevista a uma rádio apenas nesta semana próximo à reunião do Copom, encaradas por analistas de mercado como pressão. Lula tem argumentado que a taxa de juros está desajustada e que o presidente do Banco Central não demonstra a devida autonomia.
Em entrevista à rádio CBN na terça (18), Lula disse que “só temos uma coisa desajustada no Brasil nesse instante: é o comportamento do Banco Central. Um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país. Porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”.
Na reunião do Copom na quarta (19), a decisão de manter a Selic em 10,5% ao ano foi unânime, incluindo os votos dos quatro diretores indicados pelo próprio Lula. Essa unanimidade sinaliza que, apesar das críticas e pressões políticas, as decisões do Banco Central são baseadas em critérios técnicos.
Lula também retomou questionamentos sobre a autonomia do Banco Central, uma mudança implementada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) que ele acredita ser prejudicial.
“O presidente da República nunca se mete nas decisões do Copom e do Banco Central. O [Henrique] Meirelles tinha autonomia comigo tanto quanto tem esse rapaz de hoje”, disse Lula reiterando a crítica ao modelo de autonomia atual.
A manutenção dos juros altos, segundo Lula, limita a capacidade do governo de investir internamente, o que impacta diretamente o desenvolvimento econômico e o bem-estar da população.