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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a privatização da Eletrobras e da Vale, uma constante desde o início do governo, durante a cerimônia de posse da nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, na tarde de quarta (19). Ele afirmou que o Brasil estaria em melhor situação se essas empresas permanecessem públicas.
De acordo com o presidente, as companhias não vêm cumprido seu “papel social” por terem “muitos donos”. Ele citou as tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, e disse que a falta de um único responsável dificulta a responsabilização e a reparação dos danos causados.
“A gente poderia estar melhor ainda. A gente poderia ter aqui do nosso lado a Eletrobras, que era a maior empresa de energia desse país. Poderíamos ter do nosso lado a Vale, que foi privatizada e rifada por 899 mil pequenos fundos em que você não tem um dono para conversar e discutir”, disparou.
Lula criticou as indenizações que vêm sendo pagas às famílias afetadas pelos desastres das barragens, e afirmou que “uma empresa boa e grande tem que ter alguém responsável por ela para que as coisas possam funcionar corretamente.
O presidente reforçou que empresas com muitos proprietários frequentemente falham em cumprir suas responsabilidades sociais e soberanas. “Uma empresa com muito dono, ou seja, que ninguém manda, muitas vezes não tem aquele papel social que é importante cumprir das necessidades soberanas desse país”, completou.
Em resposta às críticas de Lula, a Vale informou que, desde 2019, pagou R$ 3,7 bilhões em indenizações pela tragédia de Brumadinho. No caso de Mariana, a empresa já destinou R$ 37 bilhões, incluindo R$ 14,29 bilhões em indenizações.
No evento, Lula também criticou a Operação Lava-Jato, afirmando que seu verdadeiro objetivo era “desmontar” e privatizar a Petrobras. A operação resultou na prisão do presidente em 2018.
Já Magda Chambriard, em seu discurso de posse, destacou que sua gestão está "totalmente alinhada" com a visão do presidente de desenvolvimento através do petróleo e gás enquanto a transição energética não se completa. Tanto ela como o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia (MME), defenderam a exploração da Margem Equatorial com “rigorosos padrões de segurança”.
Na última terça (18), em entrevista à rádio CBN, Lula reforçou que o governo vai insistir na liberação da exploração na região da foz do rio Amazonas, próximo ao estado do Amapá, que está no meio de um embate entre o MME, o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama. Ele disse que, ao fim, terá de chamar os responsáveis pelas pastas e pelo órgão para uma reunião em seu gabinete para chegarem a uma decisão.
O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, comentou sobre os acordos entre a Receita Federal e grandes companhias para encerrar processos administrativos e judiciais. Ele destacou que tais acordos, como o aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobras, podem estabelecer uma “nova relação mais decente” entre o governo e as empresas.