O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, em discurso na Cúpula do Mercosul, em Assunção, que as dificuldades nas negociações mundiais sobre liberalização do comércio reforçam a necessidade de aprofundar, "com criatividade e ambição", o bloco regional. No entender de Lula, o Mercosul pode ser uma opção a Doha.
Os desafios de uma globalização assimétrica, exemplificados pelas dificuldades enfrentadas para concluir a Rodada de Doha para o Desenvolvimento, realçam ainda mais o caráter estratégico de nosso projeto comum disse Lula.
Comumente questionado por poucos avanços que impactem a economia de seus países, o Mercosul foi defendido pelo presidente brasileiro como instrumento de inserção nos fluxos mundiais de comércio.
Agora, mais do que nunca, está claro que o Mercosul deve aprofundar a parceria com outros países e blocos... Dessa forma, irá fortalecer-se como interlocutor internacional", afirmou Lula.
Lula defende fim de "barreiras injustificadas"
As medidas de redução das diferenças entre as economias dos países do Mercosul serão tratadas pelo Grupo de Altos Funcionários sobre Assimetrias, que está sendo criado nesta reunião de cúpula.
Lula destacou como um dos instrumentos para este objetivo o fundo de apoio à pequena e média empresa dos países do bloco.
"Estou convencido de que a integração das cadeias industriais, juntamente com a eliminação de barreiras injustificadas ao comércio, é a melhor maneira de assegurar um desenvolvimento equitativo que beneficie todos os nossos povos", disse Lula.
O presidente brasileiro mencionou ainda na cúpula, que termina nesta sexta-feira, o uso de moedas nacionais entre Brasil e Argentina a ser introduzido em breve no comércio bilateral como mecanismo a ser reproduzido nos fluxos do Mercosul.
Democracia viabilizou criação do Mercosul, diz presidente
O presidente brasileiro voltou a falar no respeito aos princípios democráticos na América do Sul. Segundo ele, a criação do bloco só foi possível a partir da restauração da democracia, "fator de paz e estabilidade na região".
Lula citou a criação do Parlamento do Mercosul, cujos integrantes serão eleitos pelos povos dos países membros a partir de 2010. Ele defendeu a criação de instituições fortes, sobretudo as que possilitem a inclusão social no bloco. Uma medida, completou o presidente, foi a criação do Instituto Social do Mercosul, que terá sede em Assunção.
É importante que os agentes sociais contribuam com os trabalhos do instituto disse.
As assimetrias entre os países do bloco foram abordadas por Lula, que anunciou a aplicação de regimes de origem mais flexíveis para beneficiar produtos oriundos do Paraguai e do Uruguai. Lula disse ainda que até 2009 será eliminada a dupla cobrança de Tarifa Externa Comum, outra reivindicação de uruguaios e paraguaios.