O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve vetar a emenda que extingue o fator previdenciário, mas ainda não decidiu se mantém ou não o reajuste de 7,72%, aprovado na quarta-feira pelo Senado para as aposentadorias e pensões acima de um salário mínimo.

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A equipe econômica quer que o presidente vete tudo, sob a alegação de que tanto o aumento quanto o fator previdenciário provocarão rombo nas contas da Previdência. Lula, porém, avalia o impacto eleitoral da medida impopular, embora diga publicamente que essa análise não pesará em sua decisão.

Ao participar ontem do encerramento da XIII Marcha em Defesa dos Municípios, o presidente lamentou o resultado da votação no Senado, que representou uma derrota para o Planalto. "Vocês viram, agora, a votação do fator previdenciário. Tem gente que acha que ganha voto fazendo isso", afirmou Lula para uma plateia de prefeitos, sem esconder a contrariedade. "Na verdade, se o povo compreender o que significa isso, essas pessoas podem até não ganhar o tanto de votos que pensam que vão ganhar."

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O governo já havia sinalizado a intenção de conceder até 7% para os aposentados que ganham acima de um salário mínimo, embora a equipe econômica insista em que, num momento de aperto e corte de gastos, o máximo tolerável seja 6,14%. "Temos de agir com a maior responsabilidade porque, se a gente quebrar a Prefeitura, o Estado ou o governo, não recupera no curto prazo, não", disse Lula.

O fator previdenciário, criado para desestimular as aposentadorias precoces, reduz o valor dos benefícios. A fórmula é calculada com base na alíquota e tempo de contribuição, idade do trabalhador e expectativa de vida. "Queremos saber se Lula é mesmo o pai dos pobres ou é a mãe dos ricos", provocou o deputado Fernando Coruja (SC), líder do PPS na Câmara e autor do dispositivo que acaba com a regra para cálculos das aposentadorias, adotada em 1999.