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Em junho deste ano, durante discurso de abertura da 3ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o Conselhão, o presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) disse que quem apostasse na alta do dólar iria “quebrar a cara”.
Nesta sexta (29), por volta das 10h30 da manhã, o dólar era vendido a R$ 6,11, ultrapassando o recorde de R$ 5,98 no fechamento de quinta-feira (28). A alta da moeda americana frente ao real atingiu seu ápice após anúncio de pacote de corte de gastos do governo.
Por volta das 11h50, quando do fechamento desta reportagem, o dólar era vendido a R$6,07, com alta de 0,94% sobre a cotação de fechamento de quinta-feira (28)
No dia 27 de junho, data da reunião do Conselhão, a moeda americana estava cotada a R$ 5,52. A fala de Lula se deu no contexto de uma alta de 1,13% do dólar no dia anterior, quando o valor da moeda subiu durante uma entrevista concedida pelo presidente ao portal Uol.
Na entrevista, Lula negou que o governo estivesse gastando demais ou que a dívida líquida do país fosse alta. O mandatário ainda afirmou que o tema das contas públicas era mais forte no Brasil do que no resto do mundo. Ele também afirmou que o governo analisava onde havia “gasto exagerado”, mas que não considerava “o nervosismo do mercado”.
Durante a entrevista, o dólar subiu 1,13% e chegou aos R$ 5,52 – até então, o maior patamar desde os R$ 5,56 alcançados em 18 de janeiro de 2022. O valor da moeda americana se manteve estável até o fechamento do mercado naquela data.
No dia seguinte, após a imprensa relacionar a alta da moeda americana às declarações de Lula, o presidente refutou a informação:
“Veja o que aconteceu ontem. Quando eu terminei a entrevista, a manchete de alguns comentaristas era de que o dólar subiu pela entrevista do Lula. Esses cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar entrevista, 15 minutos antes”, disse o mandatário.
Em seguida, Lula afirmou que as pessoas que apostassem em derivativos – contratos financeiros negociados a partir de ativos como moedas e taxas de juros – iriam perder dinheiro e que, aqueles que apostassem na alta do dólar iriam “quebrar a cara”.
“Esse mundo perverso das pessoas colocarem para fora aquilo que querem, sem medir a responsabilidade do que vai acontecer, é muito ruim. Eu queria, [Fernando] Haddad [ministro da Fazenda], dizer para você, pode ter certeza: quem tiver apostando em derivativo vai perder dinheiro neste país. As pessoas que apostaram em ganhar dinheiro no fortalecimento do dólar vão quebrar a cara outra vez”, disse o presidente.