O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (21), na Turquia, que o Brasil "não entrará em recessão". "Vamos ter crescimento em 2009", afirmou o presidente.
Questionado sobre qual seria essa taxa de crescimento, Lula apenas respondeu: "Eu não posso adivinhar. Enquanto outros países terão crescimento negativo, nós teremos crescimento positivo."
Lula se referiu ao desempenho anual, no entanto, há conceitos que estabelecem recessão técnica no caso de queda do PIB por dois trimestres consecutivos. No último trimestre do ano passado, o PIB brasileiro recuou mais de 3%.
Em Brasília, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que é "preciso aguardar os dados" para avaliar a possibilidade de recessão técnica. Em conferência sobre defesa da concorrência, Meirelles disse que a discussão tem de ser feita sob a ótica de três principais fatores.
O primeiro deles, conforme o presidente do BC, é que a desaceleração da economia brasileira nos últimos meses foi gerada exclusivamente por influências externas. Meirelles classificou a contração da economia do país como um fator de "contratação importada". Ele destacou, ainda, que não houve "origem nem reforço" da crise por motivos internos.
O segundo fator diz respeito à capacidade de reação da economia brasileira. Na avaliação do presidente do BC, o País tem "impulso de saída, de tração, mais forte que outros países". Por fim, Meirelles destacou as boas perspectivas da economia brasileira e que a divulgação dos dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) sempre acontece com "certa defasagem".
"Quando os dados forem divulgados, certamente a situação da economia será outra", disse. Os números sobre o PIB brasileiro no primeiro trimestre deste ano devem ser divulgados pelo IBGE no início do mês que vem.
Previsão
De volta à Brasília, o presidente do BC minimizou a discussão a respeito da diminuição da estimativa do governo para o crescimento do PIB em 2009, que passou de 2% para 1%, no relatório de avaliação de receitas e despesas do Ministério do Planejamento, divulgado na quarta (20).
"As taxas discutidas são sensivelmente superiores à média das previsões para os outros países", disse Meirelles.
O presidente do BC preferiu destacar as perspectivas positivas da atividade econômica do país. Segundo ele, "existem sinais bastante claros de recuperação da demanda". Essa reação da economia, de acordo com Meirelles, tem "forte componente do emprego e da renda".
Ele também destacou que a evolução recente do mercado de trabalho tem dado maior poder de compra à população e que a demanda gerada pelo mercado interno é um dos principais componentes que darão força para a economia brasileira sair da crise. "O Brasil sai dessa crise com condições de continuar crescendo. O Brasil está se fortalecendo", afirmou.
Sobre a previsão do Banco Central, que atualmente estima expansão do PIB de 1,2% em 2009, Meirelles explicou que a autoridade monetária só revisa esse cenário a cada três meses, na divulgação do relatório trimestral de inflação. A próxima divulgação deste documento deve ser feita até o último dia útil de junho.
Dólar
A entrada mais forte de dólares no País nas últimas semanas foi classificada pelo presidente do Banco Central como uma consequência dos bons fundamentos e das perspectivas positivas da economia brasileira.
"Não é nenhuma surpresa que o desempenho do Brasil finalmente seja reconhecido", disse Meirelles, ao ser perguntado se a forte entrada de dólares, que derrubou as cotações da moeda norte-americana para perto de R$ 2, surpreendia ou preocupava o BC.