O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a insistir ontem, durante discurso de inauguração de um escritório da Associação Brasileira de Promoção das Importações e Investimentos (Apex), em Havana, que é preciso uma mudança na regulação do sistema financeiro internacional, para evitar especulações como a que gerou a crise econômica global. "O FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial, do jeito que funcionam hoje, não servem pra nada".
No mesmo discurso, Lula referiu-se ao FMI com algum desdém. "Eu tive uma alegria imensa no dia em que chamei o presidente do FMI um espanhol chamado Rato (Rodrigo de Rato), e lhe disse: "Não preciso mais dos seus US$ 16 bilhões, pode levar". Em seguida, Lula lembrou seu passado de sindicalista de esquerda. "Vocês não imaginam a alegria que tive - eu que passei a vida inteira dizendo ´fora, FMI´ e, como presidente da República, ter chamado o FMI para dizer ´Adeus, FMI´.
Lula disse que na mudança que permitirá a regulação do sistema financeiro internacional os países emergentes têm de ter participação em todas as decisões. Na reunião do G-20, no dia 15 em Washington, ele pretende conversar com todos os presidentes, um a um, para defender sua proposta. Ele disse que o mercado, tido até então como o regulador de tudo, "mostrou-se um ovo sem gema"
"Desde o Consenso de Washington, o mercado é tido como aquele que regulamenta tudo, e o Estado é como se fosse uma coisa fora do tempo, atrasado. Agora, no entanto, os Estados tiveram de socorrer os mercados", disse o presidente. "E o grande paradoxo de toda essa situação é que os países desenvolvidos, onde a crise nasceu, cresceu e se desenvolveu, agora confiam na capacidade de consumo dos emergentes, que são tidos como os que vão salvar a situação." Mais tarde, durante entrevista no aeroporto de Havana, momentos antes de embarcar de volta para o Brasil, Lula atacou novamente os especuladores. Disse que eles não produziram nem um botão e querem agora dividir os prejuízos com os países pobres e com os países em desenvolvimento: "A crise não nasceu na África nem na América Latina. Nasceu nos Estados Unidos e contaminou a União Européia. Eles é que têm de pagar pela crise.