Rio de Janeiro - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a discussão sobre possíveis ajustes nos preços dos combustíveis envolverá o governo. Até o momento, a Petrobras vinha colocando a questão como um problema técnico. Com a queda do preço do petróleo, a gasolina e o óleo diesel estão sendo vendidos no Brasil por valores superiores às cotações internacionais e há pressão para que a companhia reduza sua tabela.
"O ministro tem que conversar com a Petrobras, ver qual é a oportunidade de fazer isso sem causar nenhum problema à Petrobras, sem causar nenhum problema ao superávit, porque vocês sabem que a Petrobras contribui muito com o superávit primário que o governo faz", afirmou Lula em visita ao terminal de gás natural liquefeito (GNL) da Baía da Guanabara.
A Petrobras, no entanto, não parece disposta a levantar a questão neste momento. "Sempre dissemos que não vamos repassar nem quando tiver surto de preço alto nem quando tiver surto de preço baixo", reforçou o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli.
Pré-sal
Durante a visita, o presidente Lula também informou que o texto do novo marco regulatório para o pré-sal está pronto e deve ser apresentado nos próximos dias pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Lula afirmou que o governo tem o interesse em retomar em breve os leilões de áreas exploratórias da Agência Nacional do Petróleo (ANP), para transformar em riqueza as reservas do subsolo brasileiro.
"Certamente, dentro de alguns dias o ministro Lobão levará esse texto para discutir comigo, com o ministro da Fazenda, com a ministra-chefe da Casa Civil. Quando ele estiver pronto, nós queremos, então, debater isso no Congresso Nacional e com a sociedade brasileira."
A conclusão dos trabalhos da comissão interministerial criada para debater o pré-sal já foi adiada diversas vezes pelo ministro Lobão. A demora é interpretada pelo mercado como um sinal de que o governo pretende esperar antes de voltar a licitar áreas no pré-sal, por causa da baixa capacidade de financiamento e da queda do preço do petróleo.
Gás
Em breve discurso de improviso durante a visita ao terminal, Lula disse que os recentes investimentos da Petrobras na área de gás garantem a independência energética do país, mesmo que continue importando gás boliviano. "Não vamos ficar dependentes do bom humor de ninguém", afirmou o presidente, em um recado à Bolívia, cujas sucessivas crises já ameaçaram algumas vezes o envio de gás ao Brasil.
Resultado de um investimento de R$ 865 milhões, o terminal de GNL da Baía de Guanabara tem capacidade para movimentar até 14 milhões de metros cúbicos por dia, que podem ser importados em navios de qualquer parte do mundo.
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