Segundo Lula, a economia brasileira “não cresceu nada” em 2022. Presidente criticou dividendos da Petrobras e cobrou investimentos.| Foto: Lula Marques/Agência Brasil
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (2) que a economia brasileira "não cresceu nada" no ano passado e que o desafio de seu governo é fazê-la voltar a crescer. As projeções de economistas sugerem que o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano será de menos de um terço do registrado em 2022.

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"Hoje foram publicados os dados do último trimestre do ano, sabe, a economia brasileira não cresceu nada, nada no ano passado. Então o desafio que não temos agora, companheiros, é fazer a economia voltar a crescer", disse Lula na cerimônia de relançamento do programa Bolsa Família.

Pela manhã, o IBGE reportou que a economia brasileira recuou 0,2% no quarto trimestre, em relação aos três meses anteriores. No acumulado de 2022, porém, o PIB cresceu 2,9% em relação a 2021. As perspectivas para este ano são piores. A mediana das projeções coletadas semanalmente pelo Banco Central aponta para um crescimento econômico de 0,84% em 2023.

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Lula disse que a economia depende de investimento privado e também público para crescer. Para ele, o governo deve ser indutor do desenvolvimento.

"Só vai gerar emprego se a economia crescer. E a economia, para crescer, é preciso, primeiro, que haja investimento privado. E se não houver investimento privado, que haja investimento público. Não é que a gente quer que o Estado faça as coisas que o privado tem que fazer, mas se o governo federal não investir dinheiro como indutor do desenvolvimento, nada vai acontecer", afirmou.

O presidente também defendeu que empresas e bancos "têm que pensar primeiro nesse país, para depois pensar nos seus lucros ou pensar nos seus acionistas". "Vai ser assim daqui para frente para a gente poder mudar a história do país", completou.

Investimentos da Petrobras

Lula se queixou dos números do balanço da Petrobras, divulgados na quarta-feira (1.º). Criticou o volume de dividendos distribuídos pela estatal e afirmou que ela não investiu "quase nada" no ano passado. "A Petrobras, ao invés de investir, ela resolveu agraciar os acionistas minoritários com R$ 215 bilhões. Teve um lucro de R$ 195 bilhões. E quanto foi o investimento da Petrobras? Quase nada", disse.

Conforme o balanço, a Petrobras investiu US$ 9,8 bilhões no ano passado, 12% mais que em 2021. O valor equivale a R$ 50,6 bilhões, considerando a cotação média do dólar em 2022. O crescimento, segundo a empresa, se deve a "pagamento do bônus de assinatura relativo aos campos de Sépia e Atapu e de maiores investimentos em modernização e adequação de refinarias, além de gastos com manutenção de ativos logísticos".

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"A Petrobras, que no nosso tempo era uma empresa de desenvolvimento do nosso país, agora é uma empresa exportadora de óleo cru. Não foi para isso que nós descobrimos o pré-sal", completou o presidente, sem mencionar os escândalos de corrupção na empresa durante os governos petistas, revelados pela Operação Lava Jato, nem os prejuízos de dezenas de bilhões de reais causados por projetos de refinarias nunca concluídas.

Os investimentos da Petrobras eram maiores nos governos petistas. Entre 2010 e 2013, por exemplo, a empresa investia mais de US$ 40 bilhões por ano – o pico foi em 2013, com US$ 48,1 bilhões. Na sequência, a deflagração da Operação Lava Jato e as trocas de governo, que levaram à empresa gestores de perfil econômico liberal, mudaram esse panorama.

Com a paralisação de obras com indícios de irregularidades, o cancelamento de projetos economicamente inviáveis, a venda de ativos e a concentração das atividades em áreas mais lucrativas, a empresa passou a ser bem mais contida nos investimentos.

Entre 2016 e 2018, no governo de Michel Temer (MDB), o aporte anual ficou sempre na casa dos US$ 13 bilhões. Na gestão de Jair Bolsonaro (PL), o investimento ficou quase sempre abaixo de US$ 10 bilhões por ano. A exceção foi 2019, quando o valor chegou a US$ 27 bilhões, inflado pelo pagamento de quase US$ 17 bilhões em bônus de aquisição de campos de petróleo.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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