O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu à equipe econômica para refazer as contas sobre a arrecadação porque não está disposto a vetar o reajuste de 7,72% para os 8,3 milhões de aposentados que ganham acima de um salário mínimo. Lula já decidiu barrar a emenda que extingue o fator previdenciário, mas não quer arcar com o ônus político de um veto duplo no fim de seu mandato e num ano eleitoral.

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A equipe econômica, porém, continua pressionando o presidente, sob o argumento de que não há recursos. A alternativa oferecida para resolver o problema é a concessão de um abono de 6,14% sobre o valor das aposentadorias e pensões acima de um salário mínimo. Na prática, esse grupo já recebe o valor corrigido desde janeiro.

Até ontem, Lula resistia a optar pelo abono – que não é incorporado ao benefício – e mandou os técnicos fazerem novos cálculos. "A pressão está grande, mas ele ainda não bateu o martelo. Não quer vetar o reajuste e acha que ainda pode encontrar uma solução", disse um auxiliar do presidente.

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Pelos cálculos apresentados a Lula, o reajuste de 7,72% provocaria um impacto adicional no Orçamento na faixa de R$ 800 milhões. Em conversas reservadas, o presidente não escondeu a contrariedade com o Congresso. Disse a ministros e parlamentares de partidos aliados que o Legislativo deixou um "abacaxi" para ele descascar.

Apesar do discurso para consumo externo de que o prejuízo eleitoral de um veto não é tão grande, Lula está preocupado. Sabe que o corte do reajuste será explorado pelo pré-candidato do PSDB, José Serra, e pode respingar na campanha de Dilma Rousseff, pré-candidata do PT.

Cortes

Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, advertiu que o governo terá que fazer um novo corte de despesas no Orçamento deste ano caso o reajuste seja sancionado por Lula. Ele disse que o governo não tem como arcar com um aumento dos benefícios desta magnitude e que a redução nos gastos do governo será necessária para manter o equilíbrio das contas públicas. Esse poderá ser o terceiro corte nas despesas do Orçamento deste ano. No início do ano, o governo cortou R$ 21,8 bilhões e, agora em maio, mais R$ 10 bilhões. Mantega afirmou que é preciso ser cauteloso com o aumento dos gastos para que o país não perca a situação privilegiada de ter contas públicas sólidas.