O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (19) ter ficado "indignado" com as 4.200 demissões anunciadas pela Embraer e anunciou que vai convocar o presidente da empresa para uma reunião, em Brasília, o mais rápido possível, para pedir explicações. O relato sobre a reação do presidente foi feito aos jornalistas pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henriques, que esteve à noite com Lula no Palácio do Planalto.
Segundo Henriques, a indignação de Lula é enorme porque a Embraer, nos últimos anos, foi "amplamente capitalizada" com recursos do BNDES. "É um absurdo que uma empresa que recebeu recursos do BNDES, ao longo dos últimos anos, ao primeiro sinal de problemas, promova este enorme corte, sem uma única conversa com ninguém do governo, sem nos procurar. Isso é um absurdo", desabafou Lula, conforme relato do presidente da CUT. "Eles preferiram a política do fato consumado. Eles não poderiam tem feito isso sem falar antes com a gente."
Os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e da Comunicação Social, Franklin Martins, também participaram da reunião. José Lopez Feijoó, da Executiva da CUT, que também esteve no encontro no Planalto, contou que a Embraer havia marcado para quarta-feira (18) uma reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Eles marcaram e não apareceram", disse Feijoó.
De acordo com os sindicalistas, na conversa com a direção da empresa Lula quer analisar a situação. "A conversa será dura", afirmou Feijoó, dizendo não saber se a convocação dos dirigentes da Embraer pelo presidente pode levar a empresa a voltar atrás nas demissões.
Ainda na quarta-feira, quando começaram os rumores sobre demissões na Embraer, os sindicalistas começaram a se mobilizar e pediram audiência a Lula nesta quinta-feira. Arthur Henriques disse que em 2008 a Embraer vendeu 205 aeronaves, quando o planejamento estratégico previa a venda de 194. "Lógico que tem crise, mas não podiam ter feito isso", comentou.