O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que é preciso definir o G20 como o grupo de países que discutirá o novo modelo de regulamentação da economia mundial.
De volta da reunião do G8, que aconteceu na cidade italiana de L'Aquila na semana passada, Lula disse que não se pode questionar a existência do grupo dos sete países mais industrializados e a Rússia, e não há problemas em criar mais blocos para a discussão de outros assuntos.
Ele defendeu que a Organização das Nações Unidas (ONU) também envolva países menores nas principais discussões globais, mas destacou que os efeitos e soluções da crise financeira devem ser debatidos no G20, que tem mais representatividade para tratar desse assunto por reunir 80 por cento da economia mundial.
"Para cada assunto, você reúne quem você quiser. Agora, na questão econômica, nós precisamos definir que o G20 é que tem que decidir as regras que vão controlar o sistema financeiro e vão reger a economia mundial daqui para frente", afirmou Lula em seu programa semanal de rádio, "Café com o Presidente".
Na semana passada, após as reuniões do G8, líderes mundiais sinalizaram a morte do grupo, dizendo que apenas um fórum que também incluísse as maiores economias em desenvolvimento (que começa a ser conhecido como G14) teria legitimidade para tomar decisões globais importantes.
A próxima reunião do G20 acontecerá em setembro. Segundo Lula, além da crise financeira, constará da pauta do encontro a conclusão da Rodada de Doha, que discute a abertura comercial global no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"O G8 já determinou à comissão que negocia que até 2010 tem que decidir a Rodada de Doha", comentou o presidente.
"Eu até falei para o Pascal Lamy (diretor-geral da OMC), que é o homem que coordena as negociações, que 2010 não é dezembro, é janeiro de 2010 ou fevereiro, para que seja uma coisa feita com uma certa rapidez e para que o acordo na Organização Mundial do Comércio possa trazer benefícios para os países que sofreram o problema da crise."
Aquecimento global
Dizendo que agora os Estados Unidos estão mais abertos à negociação de um acordo para combater o aquecimento global, o presidente afirmou estar otimista com o avanço nas conversas sobre o tema. Mesmo assim, criticou os países desenvolvidos.
Para Lula, a ONU deve fazer um relatório que responsabilize cada país pelo seu volume de emissões de gases de efeito estufa. O presidente disse ainda que o Brasil não aceitará que apenas se discuta mecanismos de "sequestro de carbono" sem que se debata a redução das emissões, o que faria com que os países ricos pagassem pelo sequestro de carbono mas continuassem poluindo.
"Um país que começou seu processo de industrialização há 150 anos tem mais responsabilidade do que um país que começou ontem. Por exemplo, os Estados Unidos têm mais responsabilidade que a China, a Europa tem mais responsabilidade do que a América do Sul, que a África", afirmou.
Está agendada para dezembro, em Copenhague, uma reunião para a discussão das mudanças climáticas.
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