O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) justificou, na manhã deste sábado (2), em Dubai, a contradição do Brasil, que quer ser a referência em energias renováveis, participar da Opep+, um grupo que reúne dez países produtores de petróleo, mas sem direito a voto, além dos 13 membros regulares do cartel da Opep.
Segundo o presidente, a ideia é influenciar os produtores de petróleo a acabar com a exploração de combustíveis fósseis. "Eu acho importante a gente participar [da Opep+] porque precisamos convencer os países produtores de petróleo que eles precisam se preparar para o fim dos combustíveis fósseis", disse Lula.
A declaração foi dada em um diálogo com a sociedade civil brasileira na cúpula, que acontece até 12 de dezembro nos Emirados Árabes Unidos. "E se preparar significa aproveitar o dinheiro que eles lucram com petróleo e fazer investimento para que um continente como o africano, como a América Latina, possa produzir os combustíveis renováveis que eles precisam. Sobretudo o hidrogênio verde porque, se a gente não criar alternativa, a gente não vai poder dizer que vai acabar com os combustíveis fósseis", continuou o presidente.
O convite para integrar a Opep+, foi feito pela Arábia Saudita, durante viagem do presidente Lula ao país, em novembro. A proximidade com a conferencia sobre o clima acentuou a contradição.
Especialistas em clima têm criticado a participação como um contrassenso à imagem de potência ambiental propagada pelo Brasil. Os combustíveis fósseis, como o petróleo, são os maiores responsáveis pela emissões de carbono no mundo. O presidente minimizou. "Muita gente ficou assustada com a ideia que o Brasil ia participar do Opep. Nossa, o Brasil vai participar da Opep", disse. "O Brasil não vai participar da Opep, o Brasil vai participar da chamada Opep+. É tão chique esse nome 'Opep Plus'. É que nem eu participar do G7. Eu participo do G7 desde que eu ganhei a Presidência da República. É G7+. Eu vou lá, escuto, só falo depois que eles tomarem a decisão e venho embora. Eu não apito nada."
Os membros regulares da Opep, com poder de influenciar o preço dos barris de petróleo, são Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Venezuela (todos membros fundadores), Argélia, Angola, Congo, Emirados Árabes Unidos, Gabão, Guiné Equatorial, Líbia e Nigéria. Já a Opep+ reúne os acima mais Rússia, Cazaquistão, Bahrein, Brunei, Malásia, Azerbaijão, México, Sudão, Sudão do Sul e Omã. E, em janeiro de 2024, o Brasil.
Mais tarde, em evento com o tema "Florestas: Protegendo a Natureza para o Clima, Vidas e Subsistência", Lula se emocionou enquanto discursava que a floresta veio "falar por si só". Estavam presentes as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, além de representantes indígenas e quilombolas.
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