Em discurso com o presidente Pedro Sánchez, Lula voltou a defender a redução do uso do dólar em transações comerciais e assinou acordos bilaterais com a Espanha.| Foto: Ricardo Stuckert/Secom
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a criação de moedas comuns para negociações entre países que formam blocos econômicos e assinou três acordos bilaterais com a Espanha, em uma cerimônia realizada na manhã desta quarta (26) em Madrid.

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Em um discurso de improviso após uma reunião com o presidente Pedro Sánchez, Lula se disse favorável à criação de uma “moeda de negociação” entre os países dos blocos econômicos que o Brasil participa, como o Mercosul e os Brics – grupo que reúne também a Rússia, Índia, China e África do Sul.

“Eu sou favorável, no caso do Brasil com a América do Sul, que a gente crie uma moeda para negociar e comercializar, que aqui nos Brics [se crie] uma moeda de negociação entre os nossos países como os europeus criaram o Euro. Não é possível, a gente criou o Banco dos Brics [Novo Banco de Desenvolvimento] e quer que se transforme em um grande banco de investimentos, se for possível maior que o Banco Mundial”, disse.

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No começo do ano, Lula disse que estava estudando a criação de uma moeda comum junto do presidente da Argentina, Alberto Fernández, que seria usada para transações entre as nações, com o objetivo de reduzir a dependência do dólar americano. A diminuição do uso da moeda norte-americana em transações comerciais internacionais também foi defendida por ele na viagem à China, há quase duas semanas.

Além de defender a criação de uma nova moeda e os investimentos espanhóis no Brasil, Lula voltou a criticar o governo anterior falando que está retomando as relações “depois de um período muito ruim”, em áreas como educação, proteção à Amazônia, mudança climática, alimentação, habitação popular, transporte, programas sociais, entre outros.

Acordos bilaterais

Além de falar da nova moeda, Lula assinou três acordos bilaterais nas áreas de educação, trabalho e ciência e tecnologia. O presidente disse que o Brasil “tem uma dívida de gratidão com a Espanha, que é o segundo país investidor no Brasil, com mais de mil empresas espanholas e mais de 15 milhões de espanhóis ou descendentes”.

Um dos acordos promove a mobilidade dos estudantes de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado), em qualquer fase de formação, e de docentes entre instituições de educação superior do outro signatário.

Em outro, fomenta o aumento da produtividade do trabalho, especialmente nas pequenas e médias empresas, e o apoio a reformas necessárias dos sistemas de relações sindicais a fim de incentivar a filiação de todos os trabalhadores.

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E, ainda, estabelecer as bases para realizar uma coordenação maior e melhor dos projetos bilaterais de desenvolvimento e inovação tecnológica entre empresas brasileiras e espanholas, como a pesquisa em saúde, meio ambiente e mudança climática, transição energética, alimentos de maior qualidade e valor agregado, novos recursos para a Indústria 4.0, produção mais limpa ou sustentável, mobilidade e transporte avançado, tecnologias da informação e comunicações.

Lula disse também que pretende viajar à África do Sul para participar de uma reunião dos Brics e à Bélgica para tratar de negócios bilaterais com pautas da Celac, entre outros países.

O presidente Lula está na Espanha desde segunda (25) após uma viagem de cinco dias a Portugal, onde participou de uma cerimônia solene na Assembleia da República em alusão à Revolução dos Cravos. O presidente foi alvo de protestos durante o discurso, entre eles de parlamentares contra as sucessivas falas em que relativizou a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Ainda nesta quarta (26), o presidente participa de um encontro com o Rei Felipe VI e, no final da tarde, retorna ao Brasil.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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