Com um discurso forte em defesa dos interesses dos países em desenvolvimento e do biocombustível, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta segunda-feira do encerramento do Seminário Empresarial Brasil-Índia, que reuniu mais de 100 empresários brasileiros e os principais homens de negócio da Índia. Lula disse que Brasil e Índia não são mais ignorados no mundo rico e que vêm sendo reconhecidos como atores indispensáveis no cenário internacional.
O presidente pediu ousadia dos países em desenvolvimento que vão participar da reunião ampliada do G-8 (Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Estados Unidos, Canadá e Japão, mais a Rússia), que será realizada entre 6 e 8 de junho, para avançar nas discussões iniciadas em 2001 na Organização Mundial do Comércio (OMC) em Doha, no Catar, mas que está num impasse. Além do Brasil, Índia, China, África do Sul e México vão participar do encontro na Alemanha.
- Nós do G-8 temos o desafio de fazer de Doha uma verdadeira rodada de desenvolvimento (...) O mundo mudou muito nos últimos 20 anos, muito mais nos últimos cinco anos, e agora o nosso desafio é saber se teremos ousadia para procurar um mundo novo - afirmou.
Lula criticou o protecionismo dos países ricos, afirmando que eles pregam a liberdade comercial apenas para seus produtos. E exaltou a necessidade de parceria mais intensa entre a Índia e o Brasil:
- Nós temos 1,3 bilhão de habitantes e não descobrimos nem 10% do potencial de negócios que podemos fazer. O dado concreto é que não podemos ficar dependendo de um único parceiro. Temos que disputar cada metro quadrado de negócio, e quanto mais negócios de forma plural menos ficaremos dependentes. Nossos empresásiros precisam acreditar que existe possibilidade de ganhar dinheiro fora de seus países. E em 2010 poderemos até ultrapassar a meta de 10 bilhões de dólares de comércio bilateral porque potencial existe, consumidores existem, vontade dos dois governos e dos empresários também - discursou.
Já no programa de rádio "Café com o Presidente", exibido nesta segunda-feira, Lula disse que levará para a reunião do G-8, na Alemanha, proposta para a criação de um fundo de compensação para países em desenvolvimento e pobres que diminuírem o desmatamento.
- Que [os países em desenvolvimento e pobres] sejam compensados financeiramente para que a gente possa aplicar um modelo de desenvolvimento limpo que não seja um modelo que cause grande emissão de gases no planeta - explicou Lula, no programa de rádio.
- É preciso começar a dizer algumas coisas que nós consideramos verdade e que uma parte do mundo desenvolvido não quer discutir. Primeiro, é que 65% de emissão de gases na atmosfera são feitas pelos países ricos, portanto, cabe a eles maior responsabilidade para despoluir o planeta.
O presidente destacou que a Europa só tem 0,03% da floresta existente há 8 mil anos no planeta e o Brasil tem mais de 60%.
- Nós tivemos um aumento de responsabilidade, estamos cuidando disso com muito carinho, nos últimos dois anos já diminuímos o desmatamento em 52%, portanto nós queremos discutir com muita seriedade.
Antes de seguir para a reunião do G-8, na Alemanha, o presidente fica até esta terça-feira em em Nova Delhi, capital da Índia. Segundo Lula, Brasil e Índia pretendem chegar a 2010 com a balança comercial em US$ 10 bilhões, o que representaria quadruplicar o volume de comércio entre os dois países.
- Estamos aqui com 100 empresários e acredito que vamos estabelecer uma relação muito forte com a Índia.