Presidência rotativa do Mercosul passou para as mãos do paraguaio Santiago Peña, que prega uma integração regional em vez de fora do continente.| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou a presidência rotativa do Mercosul nesta quinta (7) sem conseguir fechar o tão desejado acordo comercial com a União Europeia e reconheceu que o andamento do bloco não tem consenso entre os países membros.

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Lula passou o comando do bloco para o presidente paraguaio, Santiago Peña, afirmando que “não tem problema” que os mandatários de cada país sejam trocados a cada quatro anos e que tenham visões diferentes sobre a condução das relações comerciais exteriores.

“Tem um mais à direita, um mais à esquerda, um mais favorável, um mais contra. Um dia a gente vai encontrar o denominador comum”, disse Lula em discurso na Cúpula do Mercosul, que terminou no Rio de Janeiro.

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O petista disse ter uma expectativa “muito grande” para a presidência de Peña no bloco para seguir nas negociações com os europeus, na integração dos países da América Latina e nas relações com a África. “Você sabe que eu sou um fanático pela relação com a África, até porque eu acho que o Brasil tem uma dívida histórica com a África e nós temos que pagar, transferindo tecnologia”, afirmou o presidente brasileiro.

Por outro lado, Peña fez um caminho contrário e disse que pretende olhar mais para dentro do bloco do que dar tanta atenção ao exterior. O mandatário paraguaio pregou um desenvolvimento maior das relações comerciais entre os países latinos e que eles estão “na melhor região do mundo e com maior potencial” – neste ponto convergindo com Lula no objetivo de uma maior integração regional.

“Quero encorajar-me a sonhar que podemos voltar a concentrar-nos nestes grandes desafios enquanto região. Em guarani tem uma frase que diz ‘ya ovalema’, que é suficiente, e não quero dizer isso no sentido de que não queremos avançar com a União Europeia. Queremos avançar, mas acho que nos basta parar de olhar para fora e começar a olhar mais para dentro”, afirmou.

Por outro lado, Peña também expressou que um problema que um país vizinho possa ter – citando a Argentina, que passa a ser presidida pelo libertário Javier Milei a partir de domingo (10) – não é apenas um restrito a esse país, mas é um “problema para todos”.

“Não existe Mercosul onde apenas alguns tenham um bom desempenho e os ciclos econômicos não afetem de forma diferente. Os problemas atuais que a irmã Argentina pode ter não são os problemas da Argentina, são os problemas de todos os países do Mercosul”, concluiu.

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Além do Paraguai, que pretende reforçar as relações entre os países do continente, o Uruguai também não é mais um grande defensor do Mercosul. O presidente Luis Alberto Lacalle Pou já se mostrou favorável diversas vezes em fechar acordos bilaterais fora do bloco, contrariando as expectativas de Lula.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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