O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta sexta-feira (24), em discurso na abertura da 37ª Reunião de Cúpula do Mercosul, que os países da região se tornem independentes dos "humores" dos grandes bancos internacionais. Lula mencionou que dois instrumentos permitirão o financiamento próprio do Mercosul: o Banco do Sul, que deve começar a operar em breve, e o Sistema de Comércio em Moeda Local (SML). "Precisamos educar nossas empresas a gostar das nossas moedas e a não precisar tanto de dólares como hoje", afirmou. "Nossa liquidez não pode depender dos humores dos grandes bancos internacionais", completou.
Em sua exposição, Lula preferiu não abordar a situação de paralisia do Mercosul e dilemas internos entre seus parceiros. Evitou tocar na resistência do Paraguai à aprovação do Código Aduaneiro Comum e da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) e apenas citou o conflito Brasil-Argentina em torno das barreiras aplicadas por Buenos Aires às importações de produtos brasileiros. "Temos de fazer um esforço imenso para evitar o protecionismo", limitou-se.
Em defesa do bloco, Lula argumentou que o dinamismo no comércio Sul-Sul, especialmente nas trocas entre os sócios do Mercosul, foi definitivo para amenizar os impactos da queda da demanda dos países desenvolvidos. O Mercosul, dessa forma, teria assumido a função de "poderoso indutor do crescimento" e se tornado um "fator anticíclico". "Mas necessitamos de mais integração produtiva, energética e de infraestrutura", completou.
O presidente aproveitou o discurso para reiterar que a saída para a crise econômica mundial se deu em função da ação mais efetiva do Estado do que dos mercados e que a América Latina resistiu a seus efeitos porque fez "o contrário do que nos recomendavam". "A mão invisível do mercado não foi capaz de oferecer uma solução economicamente responsável e socialmente aceitável para a crise", afirmou. "Foi a mão visível do Estado que começou a retirar a economia mundial da crise", acrescentou.