O presidente Lula afirmou, em entrevista coletiva no Vietnã, que tentará todas as possibilidades de negociação direta com os Estados Unidos antes de retaliar ou recorrer à Organização Mundial do Comércio contra as novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros, especialmente o aço e o alumínio. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Falando a jornalistas em Hanói, capital do Vietnã, última etapa da viagem presidencial à Ásia, Lula ressaltou que não há necessidade de os Estados Unidos mirarem o Brasil. “Os Estados Unidos sempre foram historicamente um país importante para o Brasil. Nós temos um fluxo de comércio de US$ 87 bilhões. Eles são superavitários em US$ 7 bilhões”, afirmou. Por isso, o país tentará esgotar as vias de negociação: “Antes de fazer a briga da reciprocidade ou de fazer a briga na OMC, a gente quer gastar todas as palavras que estão no nosso dicionário para fazer um livre comércio com os Estados Unidos”, disse Lula. A nova taxação sobre o aço estrangeiro que entra nos EUA já está em vigor desde 12 de março; vários outros produtos, incluindo alguns exportados pelo Brasil, como o etanol, devem começar a ser tarifados, ou ter alíquotas elevadas, a partir de 2 de abril.
Quando Trump anunciou a elevação das tarifas, Lula reagiu prometendo reciprocidade imediata. “É muito simples, se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são exportados para os Estados Unidos. Simples, não tem nenhuma dificuldade”, disse o presidente no fim de janeiro. Na mesma ocasião, acrescentou que “não há nenhum interesse agora, nem meu, nem dele”, em uma conversa direta, postura que o petista também amenizou agora, dizendo que não veria problema em conversar com o norte-americano. “Na hora que ele [Trump] achar que tem interesse de conversar comigo, eu espero que ele não tenha nenhum problema de ligar para mim. Não é porque nós temos divergência ideológica que dois presidentes não podem conversar”, afirmou Lula.
Presidente comenta acordos comerciais, Rússia e Ucrânia
De acordo com o Estadão, Lula ainda comentou possíveis negociações comerciais com o Vietnã e outros países do Sudeste Asiático. Durante a viagem, ficou acertada a abertura do Vietnã à carne brasileira, e o presidente manifestou a intenção de convencer as nações da região a comprar aviões da Embraer. No Japão, Lula celebrou a encomenda de R$ 10 bilhões em aviões de passageiros da empresa brasileira, feita pela All Nippon Airways (ANA).
Comentando a guerra na Ucrânia, o presidente Lula – que tem manifestado repetidamente posições alinhadas com as do ditador russo, Vladimir Putin – disse estar de acordo com as iniciativas de Trump para conseguir um cessar-fogo. “Na medida em que o Trump toma a decisão de discutir a paz entre Rússia e Ucrânia, que o Biden deveria ter tomado, eu sou obrigado a dizer que nesse aspecto o Trump está no caminho certo”, afirmou o petista, de acordo com o Estadão.