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O presidente Lula (PT) afirmou que pretende reavaliar a autonomia do Banco Central após o fim do mandato de Campos Neto à frente da instituição. Em entrevista à Rede TV na noite de segunda-feira (2), Lula criticou a atual taxa de juros de 13,75%, afirmando que “vai cobrar” o Banco Central pelo nível da Selic.
"Quero saber do que serviu a independência (do Banco Central). Eu vou esperar esse cidadão (Campos Neto) terminar o mandato dele pra gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente”, disse Lula.
Questionado se pode haver uma proposta de mudança no modelo de funcionamento do BC durante seu governo, o presidente disse que sim. “O que acontece é que a gente conversava. Esse país está dando certo? Esse país está crescendo? O povo está melhorando de vida? Não. Então, eu quero saber de que serviu a independência”, disse.
Na entrevista, Lula afirmou ainda que “não existe nenhuma razão para a taxa de juros chegar a 13,75%". “O que tá na pauta é a questão da taxa de juros. Outro dia eu me queixei que eles fizeram uma meta de inflação de 3,7%. Quando se faz uma meta dessas, você está exagerando numa promessa que você tem que arrochar pra cumprir. Eu estou dizendo que o Brasil não precisava disso. Ora, esse país com 4% de inflação, com a economia crescendo, esse país vai embora, cresce. (...) Então, ele (Campos Neto) quer chegar à inflação padrão europeu? Não. Nós temos que chegar à inflação padrão Brasil”, disse Lula.
“Vamos perguntar para o presidente da Câmara e do Senado se eles estão felizes com a atuação do presidente do Banco Central. Eu acho que eles imaginavam que, fazendo o Banco Central autônomo, a economia voltaria a crescer, os juros baixariam e tudo ia ser maravilhoso”, declarou Lula.
“Uma inflação de 4,5% no Brasil, de 4%, é de bom tamanho se a economia crescer. Agora, você faz uma meta que é ilusória, você não a cumpre, e por conta disso, você fica prejudicando o crescimento do país", criticou o presidente.
A autonomia do Banco Central foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em fevereiro de 2021. A justificativa é garantir a independência formal do BC e a estabilidade monetária.
De acordo com a lei, os mandatos do presidente e dos diretores do Banco Central têm duração de quatro anos e não coincidem com os mandatos do presidente da República. O objetivo é evitar ingerências políticas na instituição. O atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi indicado por Bolsonaro e permanecerá no cargo até dezembro de 2024.
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