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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou ao trabalho nesta segunda-feira (16) na residência que mantém em São Paulo, um dia depois de ter alta do hospital após quase uma semana tratando de um sangramento craniano. Os primeiros despachos do dia foram com o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, que se disse surpreendido com a “disposição do presidente”.
“Está muito tranquilo, despacho absolutamente normal, tá corado, tá bem, nenhuma queixa”, disse Haddad a jornalistas após passar a manhã em reunião com o presidente.
Haddad apresentou a Lula a situação da tramitação de propostas prioritárias do governo no Congresso, como o pacote de corte de gastos, a regulamentação da reforma tributária, entre outros, e a articulação do governo com os líderes para encaminhar as votações.
“O apelo que ele está fazendo é para que as medidas não sejam desidratadas. Temos um conjunto de medidas que garante a robustez do arcabouço fiscal, estamos muito convencidos de que vamos continuar cumprindo as metas fiscais nos próximos anos”, disse o ministro ressaltando que Lula pediu um quadro detalhado da situação para conversar com os líderes do governo no Congresso.
Pouco depois, no começo da tarde, Lula postou nas redes sociais afirmando que "ótimo encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aqui em São Paulo. Conversamos sobre a agenda econômica e fiscal do país".
Fernando Haddad afirmou que o governo está comprometido em cumprir as metas já propostas sem fazer novas alterações e que teria fechado as contas deste ano no azul se não fossem os “contratempos” com medidas como o Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) e a desoneração da folha de pagamentos.
“Nós só não vamos ter um superávit primário neste ano em função dos R$ 45 bilhões de renúncia fiscal que contrariou o governo, mas que faz parte da democracia. Teve veto, foi derrubado, mas teríamos superávit se fossem consolidadas as medidas de 2023”, completou o ministro.
Ainda durante a entrevista aos jornalistas, Haddad disse que Lula espera sancionar a regulamentação da reforma tributária ainda neste ano “com uma conciliação entre Senado e Câmara em torno do que foi alterado”. Isso porque os senadores fizeram alterações na proposta aprovada pelos deputados, que voltam a analisar o texto a partir desta segunda (16).
Segundo explicou mais cedo o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), a expectativa é de que algumas das exceções incluídas pelos senadores sejam revistas e retiradas, de modo que a alíquota média do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) volte para o patamar de 26,5% contra os 27,91% estimados.
Haddad afirmou que teve a garantia do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que todas as propostas – além do Orçamento de 2025 – serão votadas ainda nesta semana nem que, para isso, tenha que convocar sessões plenárias em outros turnos do dia.
Já a reunião ministerial que Lula disse ter planos de fazer ainda neste ano depende da recuperação dele e de orientações médicas. Ele deve ficar em São Paulo até quinta (19), para a realização de novos exames, e somente depois voltar a Brasília.