Em negociações avançadas para adquirir o controle da espanhola Abengoa, a chinesa State Grid, a maior empresa global de energia, pode se tornar a quinta maior companhia energética do Brasil. Os valores da operação não foram revelados. No ano passado, os ativos da Abengoa valiam cerca de R$ 50 bilhões, e as receitas totalizaram R$ 18,4 bilhões.O Brasil respondeu por 20% das receitas, perdendo somente para a Espanha, e por 32,8% do lucro, liderando em rentabilidade.

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A reportagem apurou que a crise financeira na Europa acelerou o interesse dos espanhóis em vender a empresa. Em 2010, a State Grid já tinha adquirido os 25% de participação da espanhola no Brasil em duas linhas de transmissão, marcando sua entrada no país.

Os empresários chineses também compraram outras cinco linhas de um consórcio formado pela Cobra, pela Elecnor e pela Isolux. No total, o investimento inicial da companhia chinesa no Brasil foi de R$ 3,1 bilhões.

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Um pouco depois, a Abengoa vendeu outros ativos para a Cemig. Hoje, a empresa espanhola detém o controle de quase 3.000 km de linhas. Se assumir o controle da Abengoa, a State Grid ficará com 10,5 mil km de linhas tornando-se um pouco maior que a Cemig, a companhia energética de Minas Gerais.

Hoje, os chineses possuem 7.300 quilômetros de linhas, que atravessam diversos Estados, já contando os 1.600 quilômetros que estão sendo construídos em parceria com a brasileira Copel.O apetite chinês no Brasil começa pela transmissão, mas eles não escondem o interesse pela distribuição.Até recentemente, avaliavam a compra do grupo Rede, sob intervenção da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). As dívidas da companhia brasileira, da ordem de R$ 800 milhões, inviabilizaram o negócio.

Desafio amazônico

A State Grid coleciona números gigantescos. No ano passado, seu faturamento foi de R$ 526 bilhões e seus ativos somaram R$ 713 trilhões. É dela a hidrelétrica chinesa de Três Gargantas, a maior usina do mundo.

Se assumir os negócios da Abengoa, a State Grid também participará de um grande projeto no Brasil, a construção de parte do linhão que atravessará a floresta amazônica para conectar a região ao sistema elétrico nacional.

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Caberá à empresa chinesa o trecho entre Oriximina (PA) e Lechuga (AM), de 586 km de extensão. O trecho faz parte da interligação entre Tucuruí (PA), Macapá (AP) e Manaus, uma linha com torres de mais de 190 m de altura.

Consultada, a State Grid não quis se pronunciar sobre as negociações que vem mantendo com a Abengoa. A Folhapress consultou a Abengoa no Brasil e no exterior, mas não obteve resposta ate o fechamento desta edição.