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Exxon Mobil

Maior petrolífera do mundo vive pior ano desde crise profunda nos anos 80

 | Drew Angerer/AFP
(Foto: Drew Angerer/AFP)

As coisas não iam tão mal para a maior petrolífera do mundo, desde que Ronald Reagan se tornou presidente dos Estados Unidos, em 1981. E o ano de 2019 pode ser ainda pior. Exxon Mobil, que caiu 21% neste último ano (2018), se prepara para registrar seu pior desempenho anual desde 1981, quando os Estados Unidos estavam em recessão e a demanda mundial por petróleo começava a cair.

O atual declínio vem em um momento em que a Exxon realiza uma das maiores reestruturações de sua história, um investimento de US$ 200 bilhões em petróleo na América do Sul e em gás natural em Moçambique e na Papua Nova Guiné.

Há um temor forte se a Exxon, uma das empresas mais fortes da América, pode financiar sua própria reconstrução. E os investidores se questionam o que eles podem ganhar neste meio tempo. A verdade é que não há muito a ser feito, já que os preços de petróleo seguem em queda livre.

Enquanto suas rivais restringem o crescimento e recompram ações, a Exxon é a líder a ser combatida, avalia Mark Stoeckle, que administra um fundo de US$ 2,6 bilhões, parte dele em ações da Exxon. “Eles não foram muito eficientes nos últimos tempos. Não fizeram nada de muito diferente. Desta vez algo precisa ser feito”.

Isso pode ser ainda mais difícil com a Venezuela fazendo manobras navais agressivas visando os navios da empresa na Guiana, onde a Exxon está buscando uma de suas fontes muito necessárias de produção de petróleo.

Mais grave ainda: os preços do petróleo em Nova York caíram mais de 40% desde que atingiram a alta de US $ 76,41 em 3 de outubro.

É uma faca de dois gumes para o CEO Darren Woods, que está à frente da reconstrução da companhia.

Por um lado, ele valida sua estratégia de construir ativos de petróleo e gás de baixo custo no exterior que possam resistir às incertezas advindas do boom do xisto, bem como à transição para fontes de energia mais limpas.

Por outro lado, isso o coloca em desacordo com os investidores que, vendo a incerteza, querem que as empresas retornem o máximo de lucro possível aos acionistas.

A Royal Dutch Shell Plc, por exemplo, caiu menos de 10% no ano, após intensificar seu programa de recompra no final de outubro, quando os preços do petróleo ainda estavam altos. A companhia disse que vai recomprar US $ 2,5 bilhões em ações, ante US $ 2 bilhões na parcela anterior. A Exxon não fez nenhum esforço semelhante.

Stoeckle, que apoia a estratégia de Woods, destaca que a Exxon tem que pensar mais em longo prazo. “Os investidores precisam parar de reclamar e ignorar ou aceitar o fato de que a empresa vai fazer o que precisa ser feito para se reconstruir”.

Os problemas da Exxon resultam em grande parte dos acordos feitos no auge dos preços das commodities na última década. A Exxon gastou US$ 35 bilhões na produtora de gás de xisto dos Estados Unidos XTO Energy Inc em 2010, quando o dinheiro estava no óleo de xisto.

Investiu US$ 16 bilhões em areias petrolíferas canadenses desde 2009, apenas para retirar grande parte das reservas. Enquanto isso, o pacto de exploração de 2013 do ex-CEO Rex Tillerson assinado com a Rússia foi abandonado, preso a um muro de sanções.

Novas áreas de desenvolvimento

A história das petrolíferas mostra que, quando se deparam com produção ou reservas em declínio, os executivos tendem a aumentar o número de fusões e aquisições. Em vez disso, pelo menos publicamente, a resposta de Woods é voltar ao básico: descobrir ou comprar aquilo que ele acredita serem os maiores e mais baratos recursos do mundo, desenvolvê-los e operá-los, e depois transferir o petróleo e gás para o refino e o refino global da Exxon.

As cinco principais áreas de desenvolvimento - petróleo em águas profundas na Guiana e no Brasil, gás natural liquefeito em Moçambique e Papua Nova Guiné e óleo de xisto nos EUA - não estavam no portfólio da Exxon em 2014. Woods estima que elas geraram metade dos lucros da empresa até 2025.

“A base de recursos não estava à altura do ambiente de preços do petróleo pós-2014, então eles precisavam descer a curva de custo”, disse Fernando Valle, analista da Bloomberg Intelligence em Nova York. “Levará muito tempo e investimento para eles se atualizarem, mas é algo que eles precisam fazer.”

O óleo de xisto é o mais promissor para o curto prazo. A Exxon superou este ano seus concorrentes para se tornar o perfurador mais ativo na prolífica Bacia do Permiano, onde a empresa disse que os poços de xisto podem fazer retornos de dois dígitos com petróleo a apenas US$ 35 o barril. Ainda assim, a queda de 40% nos preços do petróleo desde outubro levou o petróleo vendido em Nova York para menos de US$ 45, deixando cada vez menos espaço para lucro.

Investidores insatisfeitos

Enquanto isso, investidores estão preocupados que os projetos no exterior levem anos para se desenvolverem plenamente. Talvez para ganhar tempo, Woods fez alguns esforços este ano para conquistar Wall Street. Depois de ser atacada por analistas por ser uma das únicas empresas a não colocar executivos em teleconferências trimestrais, a Exxon mudou sua política, com um membro do comitê de gerenciamento, conhecido como “God Pod”, agora respondendo a perguntas.

Conhecida por ser muito fechada, a empresa abriu mais informações aos acionistas, além de dar mais acesso aos membros do conselho. Mas estes esforços tiveram pouco efeito no preso das ações, já que relatórios de lucros desapontaram investidores. A produção ano-a-ano caiu em nove dos últimos 10 trimestres e os lucros ficaram abaixo das expectativas em quatro dos últimos seis.

A produção da Exxon de 3,65 milhões de barris por dia, no segundo trimestre, foi a mais baixa em uma década.

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