O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, afirmou nesta quinta-feira (16) que a preocupação do Banco Central ao promover leilões de dólares não é com a cotação da moeda norte-americana, mas com a disponibilidade para oferta. Segundo ele, sempre que houver necessidade, serão feitos leilões de dólar para amenizar os reflexos da crise financeira mundial.
Ele reafirmou que a alta do dólar no país é sazonal e se deve apenas ao pânico nas bolsas de valores. Ele lembrou que, na semana passada, o dólar chegou a quase R$ 2,50 e que, hoje, está cotado em R$ 2,10 ou R$ 2,15. "Não tenho bola de cristal mas, provavelmente, vai diminuir mais ainda a cotação."
O ministro explicou que a decisão de realizar os leilões foi tomada na semana passada porque havia muita gente querendo comprar dólares e ninguém querendo vender, o que provocou um desequilíbrio e a disparada do valor da moeda. "O Banco Central entrou oferecendo e vendeu até menos do que muita gente supôs. Se houver necessidade, eles vão fazer isso de novo", disse.
Paulo Bernardo disse que não acredita na manutenção da alta dos juros, mas que a decisão final do Banco Central depende do desempenho da inflação brasileira.
"Estamos com muita esperança de que já tenha melhorado essa pressão inflacionária que tivemos no primeiro semestre até julho e de que tenhamos condições de baixar os juros. Mas não temos como avaliar isso agora."
De acordo com o ministro, a previsão de crescimento de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), por enquanto, está mantida.. Ele não descartou a possibilidade, entretanto, de que até o dia 20 de novembro prazo final para o envio da previsão ao Congresso Nacional o governo precise reavaliar o percentual.
"E isso tem conseqüências sobre o orçamento: provavelmente, a receita muda também. Temos que ter tranqüilidade, observar, fazer cálculos, consultar analistas e institutos que estudam a economia brasileira e, depois, tirar uma conclusão."
Paulo Bernardo voltou a afirmar que os programas sociais, bem como investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) serão poupados de cortes provocados pelo recrudescimento da crise. Segundo ele, a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de que o governo faça cortes onde for necessário mas preserve programas como o Bolsa Família e as obras do PAC.
"É possível que outros investimentos tenham diminuição, sejam afetados, cortados ou, pelo menos, adiados na sua execução. Mas o PAC vai ser preservado, destacou o ministro."
Paulo Bernardo fez as declarações em entrevista concedida depois de participar do programa Bom Dia, Ministro, nos estúdios da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).