Estados Unidos, China e Índia, que estão entre os quatro maiores poluidores mundiais, anunciaram na sexta-feira uma iniciativa para ampliar a produção e uso mundial de biocombustíveis, de modo a reduzir a dependência global em relação aos combustíveis fósseis e as emissões de gases do efeito estufa.
Mas o Fórum Internacional dos Biocombustíveis, que também inclui Brasil, África do Sul e União Européia, não vai tratar do comércio e das tarifas do biocombustível -pontos de atrito entre Brasil e Estados Unidos, os dois maiores produtores de etanol.
O embaixador brasileiro em Washington, Antonio Patriota, disse em entrevista coletiva que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende abordar o tema das tarifas norte-americanas de importação durante a visita de George W. Bush ao Brasil, na semana que vem.
``Os biocombustíveis estarão na agenda, bem no topo da agenda, e acho que o comércio bilateral nesse contexto será tratado, e de fato vamos abordar a questão das tarifas'', disse Patriota sobre a visita de Bush.
O objetivo de Bush é criar um mercado mundial para melhorar a produção, distribuição e uso dos biocombustíveis, por meio do diálogo entre produtores e consumidores. O Brasil pretende realizar em 2008 uma conferência global sobre biocombustíveis.
O Brasil é o maior produtor mundial de etanol da cana, enquanto os EUA são os maiores de etanol de milho. Juntos, eles constituem 70 por cento do mercado global.
Em dezembro, o Congresso dos EUA renovou as tarifas de importação do etanol, em 0,54 dólar por galão. É muito mais barato produzir etanol com cana-de-açúcar do que com milho.
``O que vai guiar o crescimento internacional dos biocombustíveis não será a remoção de tarifas nos Estados Unidos, (e sim) ampliar mercados em outros lugares'', disse Tom Shannon, secretário-assistente de Estado para o Hemisfério Ocidental.
``Ao trabalharmos juntos, poderemos identificar meios de ajudar os países com potencial agrícola a se tornarem grandes fornecedores de energia'', disse ele na entrevista coletiva que lançou o fórum.
Os biocombustíveis são menos poluentes e estão ganhando rápida popularidade mundo afora devido ao encarecimento do petróleo e aos problemas do aquecimento global.
Os EUA são os maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa, cerca de um quarto do total global, seguidos por China, Rússia e Índia.
O vice-embaixador chinês na ONU, Liu Zhenmin, disse que Pequim precisa diversificar sua matriz energética. A China deve apresentar neste mês um projeto para o setor de biocombustível, visando a retomar vários investimentos relativos ao etanol, paralisados no final de 2006 devido a um aumento no preço do milho.
``A China acredita que o desenvolvimento e o uso sustentável de biocombustíveis é bom para promover o desenvolvimento social e econômico, é bom para melhorar a estrutura energética do mundo, ao reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e diversificar os recursos energéticos'', disse Liu.
A Unica, entidade brasileira que representa os produtores canavieiros, estima que o consumo mundial de etanol seja equivalente a menos de 2 por cento do consumo de petróleo.