Depois do fraco desempenho da economia brasileira em 2012, o governo pretende colocar mais crédito no mercado para tentar turbinar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. Nos bastidores, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a própria presidente Dilma Rousseff têm tentado convencer os bancos privados de que a inadimplência está estável e que portanto há motivos para o crédito voltar a fluir e para cortes mais agressivos nos juros praticados. A leitura do Palácio do Planalto é de que embora tenham reduzido suas taxas, os bancos privados ainda foram muito tímidos na concessão de empréstimos em 2012.
Bancos públicos
O governo promete usar, mais uma vez, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil para cortar juros, alavancar empréstimos e pressionar mais os bancos privados a abrirem a torneira do crédito.
Em 2012, o volume de crédito oferecido pelos bancos somou R$ 2,36 trilhões, o que representou uma alta de 16,2%, segundo o Banco Central. Foi um crescimento menor que o registrado em 2011 (19%) e 2010 (21%). Ainda assim o crédito atingiu a marca recorde de 53,5% do Produto Interno Bruto (PIB) contra 49% em dezembro de 2011.
Nesse mercado, os bancos públicos ganharam de goleada dos privados. Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil aumentaram seus volumes em 27,2% contra um avanço de apenas 7% das instituições privadas. No ano passado, os bancos privados responderam por 52,4% do crédito total oferecido. Em 2007, essa participaração era de 65,9%.
Inadimplência
Do lado dos grandes bancos, o argumento tem sido que, embora não tenha subido mais, a inadimplência também não recuou e se mantém em um patamar historicamente elevado. Em dezembro, a inadimplência de pessoas físicas estava em 7,9% contra 5,7% em dezembro de 2010.
"A inadimplência está recuando, mas ainda não é um movimento generalizado. Ela caiu no crédito automotivo e no imobiliário, mas ainda se mantém alta no cheque especial e no crédito pessoal", explica Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian.
Segundo ele, a tendência é de que 2013 seja um ano de reorganização no mercado de crédito. As famílias mais endividadas estão arrumando suas contas e os bancos estão limpando suas carteiras com mais problemas com o calote.
Mas, apesar da pressão do governo, a maioria dos analistas prevê um crescimento do crédito próximo de 15% em 2012. "Aos poucos a inadimplência deve recuar e os bancos voltarão a emprestar", prevê Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Para ele, a inadimplência deve começar a recuar a partir de março.