O número de pessoas procurando emprego há mais de dois anos aumentou 42,4% desde 2015, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São mais de 3,3 milhões de pessoas nessa situação. “Geralmente, são pessoas que têm alguma condição de se manter nessa situação por algum tempo”, diz Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do instituto.
Mas estão correndo riscos. “Quanto mais tempo desempregado, maior a dificuldade em retornar ao mercado de trabalho”, aponta Maria Andreia Filgueiras, técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).”
Um estudo divulgado pelo Banco Central na semana passado aponta que o longo tempo fora da ocupação tende a dificultar a recolocação no mercado e, consequentemente, a reduzir o poder do trabalhador para negociar os rendimentos de entrada no mercado.
Comparativamente aos desocupados de curta duração, os desocupados há mais tempo podem ter vínculo mais tênue à força de trabalho e, assim, maior propensão a aceitar rendimentos mais baixos ao ingressar na população ocupada, aponta o levantamento do BC.
Outro problema, destacado pelo coordenador do IBGE, é que muitas pessoas se mantém nessa situação porque contam com reservas ou são mantidas por alguém. “As reservas podem zerar e essas pessoas serem levadas ao subemprego ou à informalidade, agravando mais um problema social.” Dados do órgão indicam que 26,2 milhões de pessoas estão fora do mercado de trabalho formal.
Maria Andreia aponta que estas pessoas também passaram a depender da ajuda de membros da família ou de outras pessoas. “Criou-se uma situação muito grave para elas, já que nem na informalidade atuavam”, destaca.
E uma melhoria neste cenário está atrelada à recuperação na economia. Mesmo quem está no mercado de trabalho está preocupado. Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o medo do desemprego voltou a crescer no primeiro semestre.
“O desafio da economia é criar oportunidades de trabalho. Existe um contingente muito grande de subocupados, desalentados e desempregados”, diz a técnica do Ipea. Azeredo aponta que esse total chega a 28,5 milhões de pessoas, o que equivale a aproximadamente 13% da população brasileira.
Esse contingente começou a ser formado a partir de 2015, quando iniciou a mais grave crise econômica brasileira.
“Com o aumento no número de demissões e a queda na criação de novas vagas, sobrou gente boa e foi ficando cada vez mais difícil para as pessoas com baixa qualificação se recolocarem no mercado de trabalho”, diz a especialista do Ipea. “Muitos acabaram se tornando motoristas de aplicativo ou vendedores de comida”, aponta Azeredo, do IBGE.
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