Nesta semana, a grife Kenzo somou-se à lista de empresas de luxo que estão fechando suas portas na Argentina. Outros nomes da indústria da moda também deixaram a "Paris latino-americana": Cartier, Pólo Ralph Lauren, Yves Saint Laurent, Escada, Empório Armani, e, por último, Louis Vuitton, que há quase duas semanas comunicou sua saída de Buenos Aires e nova instalação em Punta del Este, no Uruguai. A medida foi consequência da falta de mercadorias provocada pelas barreiras que impedem as importações. Outras, como Calvin Klein, Chanel e Ermenegildo Zegna, chegaram a suspender suas operações temporariamente e reduziram substancialmente seus negócios.
Fora do mundo da moda, a produtora de biodiesel Tres Arroyos e a indústria de papel Witcel também foram afetadas por medidas "duvidosas" da Casa Rosada e anunciaram sua saída do país nesta semana.
Os donos da Tres Arroyos anunciaram o fechamento da unidade em consequência do aumento das alíquotas de exportação do produto, que passam a ser móveis, e da redução da margem de lucro no mercado doméstico, limitada a 4%. Há duas semanas, o vice-ministro de Economia, Axel Kicillof, havia dito que a alíquota de exportação de biodiesel será de 19%. O valor será revisado periodicamente. "É a primeira vez que somos obrigados a tomar uma decisão amarga como essa, mas não podemos enfrentar os custos da produção", disse o presidente da Tres Arroyos, Ronny Kuhlmann.
A indústria de papel Witcel, controlada pelo grupo holandês Arjowiggins e produtora de papel especial de alta qualidade, anunciou que deixa o país por uma questão de ajuste interno, para concentrar sua produção no Brasil. Localizado em Zárate, na província de Buenos Aires, a maior e mais importante do país, a unidade possui cerca de 120 empregados diretos e indiretos. No mesmo município, em abril, a produtora de carboximetilcelulose sódica Latinoquímica Amtex já tinha encerrado suas atividades.
Êxodo?
"Por enquanto, há uma simulação de êxodo. Mas, se continuar assim, essa tendência pode ser generalizada", alertou o economista José Luis Espert, da consultoria homônima. Para ele, há uma conjunção de fatores que prejudicam as empresas. "No âmbito externo, há a menor demanda do Brasil, da China, da Índia e da Rússia e a recessão na Europa. Na esfera interna, estão o alto custo do dólar, a alta dos salários e do preço de energia e o impostaço", disse ele em referência à elevada carga tributária. Os analistas e empresários coincidem em apontar que as dificuldades domésticas são as que mais espantam os capitais na Argentina.