| Foto: Ana Volpe/Agência Senado

Mais carteiras de trabalho devem ser assinadas em 2020, mas o ritmo de crescimento do emprego vai ser ditado pela recuperação da atividade econômica. A tendência é de que os salários tenham reajustes, principalmente nas áreas em que há mais demanda. "Há um otimismo cauteloso no ar", diz Humberto Wahraftig, diretor do Page Group.

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É um avanço no comportamento registrado ao longo desde ano. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que nos nove primeiros meses do ano foram criados 761,8 mil postos de trabalho, 5,93% a mais do que no ano anterior. O salário médio praticamente teve uma pequena queda na comparação com 2018, encerrando agosto em R$ 2.184, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Há uma tendência de aquecimento no número de contratações", afirma Wilma Dal Col, diretora da Manpowergroup. A expectativa é motivada pelas projeções de crescimento da economia brasileira para o próximo ano. Instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central projetam uma expansão de 2% no PIB do próximo ano.

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O gerente de recrutamento da Robert Half, Leonardo Berto, aponta que reajustes devem acontecer em cargos altamente especializados em setores como tecnologia, atendimento ao consumidor e vendas técnicas. "São áreas diretamente ligadas à estratégia de crescimento das empresas”, diz. Nessas áreas, aponta o especialista, chega a haver dificuldades para contratar pessoal.

Outras áreas que podem ter um grande incremento de oportunidades são a de finanças e contabilidade. Segundo a Robert Half, muitas empresas que aguardavam as decisões políticas para direcionar seus investimentos, agora estão diante de um cenário mais concreto para colocar os planos em ação.

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As engenharias também devem registrar mais contratações, com possibilidade de reajustes salariais. Um dos motivos é o aquecimento da construção civil. "O setor vem demonstrando reação", destaca Warhaftig. O número de lançamentos cresceu 15,4% no primeiro semestre, comparativamente a igual período de 2018, destaca a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e as vendas aumentaram 12,1%.

O estudo da Robert Half lembra que, para os engenheiros, também há oportunidades em negócios que tenham relação com a tecnologia, como o e-commerce, e nas áreas médica e odontológica, em especial para cargos relacionados a equipamentos e dispositivos médicos. Áreas de energia, educação e pós-venda também estão em alta para os engenheiros.

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O segmento de tecnologia também deverá ter boas oportunidades em 2020, repetindo uma tendência verificada ao longo dos últimos anos. “A conexão digital e o conceito de inovação já tomaram conta do mundo e esse cenário não será revertido. As organizações que excluírem a área de TI das estratégias de negócio não vão prosperar. Isso deixou de ser uma questão de escolha para ser um meio de sobrevivência”, aponta a Robert Half.

Dificuldades para encontrar mão de obra

A pesquisa mostra que 81% dos líderes afirmam que o avanço da tecnologia tem dificultado a busca por mão de obra qualificada. “Entre os motivos, está o fato de que as mudanças são rápidas e as atualizações dos profissionais, muitas vezes, não acontecem na mesma velocidade, porque dependem da proatividade de cada um", aponta o estudo.

Outra dificuldade, de acordo com Wilma, da Manpowegroup, é a dificuldade do mercado em achar profissionais com determinadas características comportamentais.

"O mercado está valorizando quem tem flexibilidade cognitiva e capacidade de aprender com mais velocidade."

O que os candidatos procuram

A pesquisa também mostra que ao participarem de um processo seletivo, além do salário, os profissionais valorizam a possibilidade de crescimento dentro das organizações para as quais estão se candidatando. Além disso, estão de olho no pacote de benefícios e também nos valores e propósito da empresa.

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Segundo Berto, a busca por propósitos está relacionado a outras habilidades cobiçadas pelas empresas, como o intraempreendedorismo e o engajamento.

"Isto é mais evidente entre os mais jovens que buscam uma conexão do trabalho com os objetivos da vida. Já os profissionais mais maduros dão atenção à preocupação social das empresas", diz Wilma Dal Col, da Manpowergroup.