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Participantes do Fórum fazem pausa entre os debates: reunião conta com o dobro de presenças do ano passado | Pascal Lauener/Reuters
Participantes do Fórum fazem pausa entre os debates: reunião conta com o dobro de presenças do ano passado| Foto: Pascal Lauener/Reuters

Brasil tem 14 empresas "desafiadoras"

Uma lista elaborada pela consultoria Boston Consulting Group (BCG) das 100 empresas de países emergentes consideradas "desafiadoras" – que estão se globalizando rapidamente e desafiando as líderes mundiais já estabelecidas – foi divulgada ontem no Fórum Social Mundial. No ranking de países, o Brasil ficou em terceiro lugar, com 14 companhias. A novidade brasileira deste ano foi a Camargo Corrêa, conglomerado que atua em diversos segmentos, desde construção civil até calçados e têxteis. No relatório, o BCG explica que as 100 empresas listadas são grandes, têm expandido ativamente seus negócios em mercados externos e aumentado o acesso a recursos internacionais. "Nós analisamos os modelos de negócio inovadores e os recentes sucessos dessas companhias", disse a consultoria. O Brasil ficou atrás apenas da China, com 36 empresas listadas, e da Índia, com 20.

  • Crescimento econômico mundial
  • Novas múltis

O Fórum Econômico Mundial começou ontem, na Suíça, sob novas e pessimistas projeções para o crescimento econômico global. No mesmo dia em que 2,5 mil líderes de governo, autoridades monetárias, representantes de instituições financeiras e altos executivos se reuníam na cidade de Davos, aos pés dos Alpes suíços, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgava que revisou para baixo sua previsão para o crescimento mundial em 2009, de 2,2% para 0,5%. Se confirmada a expectativa, será a pior taxa de crescimento desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A entidade corrigiu ainda o valor projetado para o crescimento brasileiro em 2009, para 1,8%, contra os 3% anunciados em novembro.

Pessimismo

Na abertura do Fórum Econômico, mais pessimismo. A economia mundial crescerá no máximo 2,5% ao ano nos próximos três anos, de acordo com o presidente do banco Morgan Stanley para a Ásia, Stephen Roach, ex-economista chefe da instituição e ex-economista do Federal Reserve, o banco central americano. Em 2009, acrescentou, a produção mundial deverá encolher entre 0,5% e 1%, na primeira redução anual desde a Segunda Guerra, e por muitos anos não se verá de novo um crescimento médio de 4%.

Roach carregou por muitos anos a fama de pessimista e soube cultivá-la em seus escritos e nas discussões do Fórum Econômico Mundial. Desta vez, ninguém foi muito mais otimista do que ele, na sessão de abertura da reunião anual.

Só o empresário turco Ferit Sahenk, presidente do Grupo Dogus, um dos maiores do país, com 70 companhias e cerca de 20 mil empregados, achou algo positivo para dizer: "Pela primeira vez estamos numa crise que não foi criada por nós".

"Ainda não chegamos ao fundo", disse o economista chinês Justin Yifu Lin, vice-presidente sênior do Banco Mundial. Injetar capital nos bancos não bastará para tirar o mundo da recessão. Será necessário, segundo ele, um estímulo fiscal coordenado, mas nem todos os países terão condições de aumentar os gastos orçamentários. O remédio, acrescentou, será criar um fundo para financiar a recuperação dos países em desenvolvimento.

Se a crise se prolongar, não produzirá apenas desemprego e pobreza, mas instabilidade social e política, advertiu o empresário Ferit Sahenk. Assim como a maioria dos outros participantes, defendeu ações internacionais coordenadas como indispensáveis à solução dos problemas globais. Mas a coordenação dificilmente poderá funcionar, objetou Roach, enquanto as instituições multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional, não tiverem poder para impor o cumprimento de regras e de compromissos a Estados soberanos, a começar pelos mais fortes.

Pouso forçado

O Brasil vai acompanhar o resto do mundo num pouso forçado em 2009, com a possibilidade até de ter crescimento negativo, segundo Nouriel Roubini, o prestigiado economista que previu com mais precisão o grande cataclisma financeiro que se abateu sobre a economia global a partir de setembro do ano passado. "O crescimento no Brasil pode ser próximo de zero, pode ser 1%, ou pode até acabar sendo negativo; mas para um país como o Brasil, que tem problemas de pobreza e subdesenvolvimento, qualquer coisa abaixo de 3% já é um pouso forçado", disse Roubini, enquanto se preparava para uma maratona de encontros e debates durante o Fórum.

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