US$ 4 bilhões devem ser ofertados pelo Banco Central em uma nova intervenção no mercado, programada para hoje. Perto do fim do pregão de ontem, o BC fez uma pesquisa de demanda e anunciou leilão de dois lotes de moeda, com garantia de recompra em 1º de novembro de 2013 e 1º de abril de 2014.
Preocupado, Tombini cancela viagem
Depois de mais um dia de estresse no mercado cambial, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini decidiu cancelar a viagem que faria esta semana para os Estados Unidos. Ele participaria de um evento promovido pelo Federal Reserve Bank de Kansas City, com representantes do mercado financeiro de boa parte do mundo em Jackson Hole, Wyoming. Segundo a assessoria do BC, Tombini decidiu ficar no país para acompanhar de perto os desdobramentos da volatilidade cambial que se acentuou nos últimos dias. O encontro, tradicionalmente marcado pela presença de grandes nomes na área financeira, já estava esvaziado desde que o presidente do BC dos EUA (FED), Ben Bernanke, decidiu não comparecer.
O dólar avançou mais de 2% em relação ao real, batendo na máxima em quase cinco anos ao chegar ao patamar de R$ 2,45, diante de forte movimento especulativo e após investidores interpretarem a ata da última reunião do Federal Reserve como um sinal de que a redução do estímulo nos Estados Unidos está próxima. O movimento aconteceu mesmo com a forte atuação do Banco Central brasileiro, que fez dois leilões de swap cambial tradicional equivalentes a venda futura de dólares , anunciou mais um para a próxima sessão e, após o fechamento dos negócios, divulgou que fará dois novos leilões hoje.
O dólar avançou 2,39%, para R$ 2,4512 na venda. É o maior nível de fechamento desde 9 de dezembro de 2008 (R$ 2,473), no auge da crise internacional. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro foi muito pequeno, pouco acima de US$ 750 milhões.
"O mercado lá fora piorou devido ao Fed [Federal Reserve, o banco central americano] e, como aqui o mercado está estupidamente especulativo, a notícia que era um pouco ruim lá fora fica aqui péssima", afirmou o operador de uma corretora internacional. A ata da última reunião do Fed mostrou que apenas alguns integrantes da instituição acreditam que o momento de reduzir o estímulo monetário no país está próximo, mas fez pouco para dissuadir a expectativa disseminada de que isso deve ocorrer já em setembro. Investidores mantêm os olhos abertos para quaisquer sinais sobre a eventual redução do ritmo de compra de títulos do Fed, uma vez que, quando ocorrer, limitará a oferta de dólares nos mercados globais, catapultando as cotações da divisa dos EUA.
No entanto, o avanço do dólar no Brasil foi mais forte que o observado em relação a outras moedas. Sobre uma cesta de moedas, o dólar tinha alta de 0,5%. "O negócio perde um pouco a lógica, vendo o tamanho da valorização da moeda comparada com outros países", disse o operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold. Segundo ele, a pressão de fortalecimento do dólar vem principalmente do mercado futuro, com o que chamou de "ataque especulativo" à moeda, e que as condições de liquidez no mercado à vista estão mais normais. Essa tese é corroborada pelos dados mais recentes do fluxo cambial, que mostraram entrada líquida de US$ 812 milhões na semana passada.
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