No início de 2007, o governo de Néstor Kirchner – que morreu no ano passado e foi o antecessor de sua esposa, Cristina, na Casa Rosada – começou a manipular dados da agência oficial de estatísticas. Quem faz a acusação é Martín Redrado, ocupante, na época, do cargo de presidente do Banco Central da Argentina. Desde então, de acordo com analistas independentes, a inflação acumulada no país foi de 120%, mas o governo divulga uma taxa de 39% para o mesmo período de quatro anos, de acordo com uma comparação feita em janeiro pelo jornal La Nación.

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A manipulação dos números afeta drasticamente o risco-país da Argentina, afugenta investidores estrangeiros e torna mais difíceis as tentativas do país de retornar ao mercado de crédito internacional – mesmo que a dívida referente ao calote de US$ 100 bilhões dado em 2001 esteja sendo sanada aos poucos.

Redrado conta que deixou o Banco Central no começo de 2010, depois de impedir que o governo de Cristina Kirchner mexesse nas reservas bancárias do país. Após sua saída do cargo de presidente da autoridade monetária, o Estado argentino passou a contrair grandes empréstimos junto ao seu BC.

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Dinheiro impresso

Críticos também acusam o governo argentino de não imprimir cédulas com valor de face superior a 100 pesos porque isso implicaria assumir que os preços estão em alta – além de ter potencial para reavivar a memória da população que viveu nos tempos da hiperinflação, quando o Banco Central da Argentina chegou a lançar notas de até 1 milhão de pesos.

Para acompanhar a demanda por mais cédulas, o governo argentino firmou um contrato com a Casa da Moeda do Brasil, que imprimirá 16 bilhões de pesos – é a primeira vez que a Argentina recorre ao país vizinho para imprimir dinheiro, de acordo com um porta-voz do BC argentino.