Em rápido e tumultuado pronunciamento na porta do Ministério da Fazenda, em Brasília, o ministro Guido Mantega afirmou esta tarde que ainda acredita que o Congresso norte-americano irá aprovar o pacote de US$ 700 bilhões de ajuda às instituições financeiras daquele país. Segundo o ministro, tão logo isso aconteça haverá uma "distensão" da economia mundial com a recomposição do crédito, embora em patamares inferiores ao que era. "Mas não haverá o estresse dos dias de hoje. Até lá o governo brasileiro estará pronto e atento para atender a situações no Brasil", disse Mantega.
Ele contou que na reunião que teve neste manhã com o presidente Lula, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e os ministros do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, foi feita uma análise de cada setor. Neste balanço, afirmou Mantega, o setor exportador está funcionando normalmente apesar de haver uma falta de crédito em dólar. "Mas o Banco Central está fazendo leilões para dar crédito em dólar", disse Mantega.
Segundo ele, não faltam recursos financeiros para agricultura, mas o governo identificou que poderá haver problemas "mais adiante". Mantega disse que o governo também resolverá este problema. Ele lembrou ainda que houve uma diminuição do crédito nos bancos privados, mas que o Banco Central já aumentou a liquidez por meio da redução do depósito compulsório. "Estamos acompanhando a conseqüência que os acontecimentos lá fora podem ter no Brasil. Mas a situação está bastante normal no Brasil", avaliou o ministro.
Mantega disse que o mercado doméstico continua aquecido e que as empresas e bancos brasileiros mostram solidez. Ele afirmou também que o governo estará pronto para responder aos problemas na medida em que se colocarem. Ele destacou a solidez das contas públicas, que registram superávit primário acima dos outros anos e a convergência da inflação para dentro da banda superior da meta. "Estamos numa situação favorável para enfrentarmos essa situação internacional maior", afirmou.
Mantega acrescentou que é preciso diferenciar os países avançados que são o epicentro da crise, de países em desenvolvimento e dinâmicos com a economia sólida. Segundo ele, a crise ocorre por irresponsabilidade de uns ou de outros que deixaram com que os problemas das instituições financeiras lá fora fossem se acumulando. Ele destacou que no Brasil as contas continuam equilibradas e o mercado interno continua robusto.
O pronunciamento do ministro foi feito do lado de fora do ministério da Fazenda porque a assessoria de imprensa se recusou, apesar dos pedidos dos jornalistas, a deixar que a entrevista ocorresse no auditório do Ministério. O pronunciamento do ministro foi tumultuado, com empurrões dos seguranças que retiraram Mantega do local sem permitir perguntas de jornalistas.
- Câmara dos EUA rejeita pacote de US$ 700 bilhões
- Lula: EUA têm de assumir responsabilidade pela crise
- Democratas e republicanos trocam críticas após não-aprovação de pacote
- Após rejeição do pacote econômico, Tesouro americano pede ação rápida
- Não há impacto severo da crise sobre o Brasil, diz Meirelles
Eleições em 2025 serão decisivas na disputa entre esquerda e direita na América do Sul
Exército inaugura primeira unidade militar brasileira especializada em destruir tanques
Qual será a agenda econômica para 2025?
Desempenho fraco de alunos de escolas privadas em matemática expõe crise da educação no Brasil
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast