O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira que manter a inflação sob controle é "questão de honra" do governo, e que para isso pode facilitar as importações para impedir que setores da economia doméstica remarquem preços para recompor margens.

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"Tem que medir bem como esses reajustes são feitos. Na prática ainda não houve (reajustes) mas, se houver, nós vamos tomar medidas", disse Mantega a jornalistas, após participar de evento da indústria do aço.

Diferente do que vinha dizendo recentemente, o ministro agora considerou que um aumento dos juros pode ser necessário, mas considerou que essa tática tem efeitos nocivos para a economia, como o aumento da dívida pública e o incentivo ao ingresso de recursos internacionais no país, movimento que valoriza a moeda e prejudica a competitividade da indústria.

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"Outros mecanismos devem ser utilizados, como aproveitar a abertura da economia brasileira para elevar as importações; sei que o setor aqui não gosta disso, mas às vezes é necessário".

Mantega evitou fazer menção a um setor específico, mas usou como exemplo o setor de siderurgia, que poderia gerar um efeito em cascata em vários segmentos que tem o produto entre suas matérias-primas, entre eles a indústria automobilística.

Nesta semana, seguindo-se aos aumentos do preços anunciados para o minério de ferro pelas principais empresas mundiais do setor, entre elas a Vale, empresas nacionais como Usiminas e CSN anunciaram repasses no preço do aço.

"Por enquanto tem muitas declarações que ainda não chegaram aos preços; mas se houver, nós vamos tomar medidas", ameaçou.

O ministro também considerou a redução de impostos como uma ferramenta que poderia ser utilizada para evitar a pressão sobre os preços. Foi este o argumento utilizado por ele na véspera para estender a redução do IPI sobre materiais de construção, que valia até junho, para dezembro.

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Dessa vez, contudo, Mantega mencionou a energia elétrica, que é cara devido a, entre outros fatores, impostos altos. Mas ele não adiantou se alguma medida neste sentido está em estudo pelo governo.

"Temos que olhar o assunto com carinho; o que não podemos é ficar com uma energia elétrica que está entre as mais caras do mundo", afirmou.

De todo modo, Mantega considerou que a inflação foi pressionada no início do ano por fatores excepcionais, como as chuvas que prejudicaram os preços dos alimentos. Por isso, afirmou, é equivocado projetar esse ritmo de inflação para todo o ano.

Nos últimos dias, a reboque de persistentes evidências de que a inflação segue em ritmo anual superior aos 4,5 por cento do centro da meta fixada pelo Banco Central, as taxas dos contratos de DI passaram a embutir apostas de que o juro básico, hoje no piso histórico de 8,75 por cento ao ano, pode subir no final do mês de forma mais forte, em até 1 ponto percentual.

O ministro reiterou também o compromisso do governo em cumprir com a meta de superávit primário de 2010, de 3,3 por cento do PIB, mas alertou contra eventuais aumentos do gasto público provocados por emendas parlamentares.

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Nesta semana, uma comissão do Senado aprovou o projeto que isenta os aposentado que continua no mercado de trabalho da contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Além disso, os parlamentares aprovaram, com ajuda da base aliada, o reajuste de 7,71 por cento das aposentadorias de valores acima de um salário mínimo pagas pela Previdência Social, acima dos 7 por cento previstos pelo governo.

"Em ano eleitoral, o Parlamento que fazer bondades, dando um aumento desmesurado das aposentadorias", disse.