Brasil e Estados Unidos irão pressionar juntos para que os desequilíbrios cambiais sejam pauta de discussão no G20, afirmou nesta quinta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega, relatando que conversou na véspera sobre o assunto com o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner.
"Nós vamos fazer força, nós dois, para colocar a questão no âmbito do G20, de modo que as soluções para a questão do câmbio sejam negociadas, e não individuais, para cada país", afirmou Mantega a jornalistas. "Acho que isso vai avançar."
O ministro conversou com Geithner ao telefone no final da tarde de quarta-feira. Segundo a assessoria de Mantega, o contato foi feito por iniciativa do norte-americano e a conversa durou cerca de 20 minutos.
"Eu vejo possibilidade de que o G20 saia dizendo: 'nós vamos agir em conjunto na questão do câmbio, vamos ver quais são os mecanismos que podemos usar'. E isso vai mostrar para o mundo que não vai ser uma ação unilateral, que poderia levar a sérios problemas comerciais", acrescentou o ministro.
Mantega não irá à Coreia do Sul para o encontro de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 que ocorre no final desta semana. "Pedi para ele (Geithner) falar em meu nome, que eu quero uma solução multilateral para a questão do câmbio."
Sua expectativa é de que a reunião de líderes de governo do G20, que ocorre no início de novembro, possa chegar a algum tipo de acordo em torno da questão.
POLÍTICA CAMBIAL DOS EUA
O dólar tem perdido valor globalmente, principalmente diante da expectativa de que o Federal Reserve possa injetar mais recursos na economia em um esforço para incentivar a recuperação.
No Brasil, a tendência de baixa do dólar tem sido agravada pela forte entrada de recursos estrangeiros. O governo elevou a taxação sobre parte desse fluxo para tentar abrandar a valorização do real e proteger as exportações brasileiras.
"Para mim, o que mais desestabiliza o câmbio mundial é o dólar, é a desvalorização do dólar, até mais do que a valorização chinesa", avaliou Mantega.
Segundo o ministro, Geithner teria afirmado no telefonema que "não pretende permitir a desvalorização do dólar" e que "a política do Fed está sendo superestimada em seu impacto".
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