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Unasul

Mantega: Brasil quer entrar em fundo latino-americano

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou nesta sexta que o Conselho de Economia e Finanças da União de Nações Sul-americanas (Unasul) discutiu mecanismos de defesa contra os efeitos da crise mundial que podem ser incrementados neste momento, caso necessário. "Preferimos fortalecer as instituições já existentes, porque é muito mais difícil criar novas estruturas. Vamos usar as instituições que estão criadas, como o Fundo Latino-Americano de Reservas (Flar)", citou Mantega. "O Brasil tem intenção de ingressar no Flar, mas temos que avaliar as condições."

Segundo o ministro, o organismo fará um road show no Brasil, para que "possamos ver se podemos entrar no Flar". Mantega afirmou que é preciso verificar quais são os direitos e as obrigações para ingresso no Flar. Além disso, é necessário ter a aprovação do Congresso Nacional. O fundo, de acordo com o ministro, está aberto à adesão de sócios.

Mantega não mencionou, porém, com quanto o Brasil contribuiria para entrar no fundo. O ministro explicou que o Flar estabelece duas possibilidades de cotas: uma menor, de aproximadamente US$ 150 milhões, e outra maior, de US$ 500 milhões, para ser integralizado ao longo do tempo. Atualmente, o Flar é composto por Bolívia, Colômbia, Peru, Costa Rica, Equador, Uruguai e Venezuela.

O ministro reiterou que, embora o Brasil possa ingressar no Flar a região precisa caminhar para mecanismos mais robustos no futuro. Outro mecanismo que, segundo ele, pode ser fortalecido pela Unasul é a Corporação Andina de Fomento (CAF). "O Brasil já aumentou sua cota de participação na Caf, cuja função é financiar investimentos. E a região carece de investimentos, não tanto o Brasil, porque já possui seu banco de fomento", afirmou Mantega, em referência ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Mantega também voltou a criticar a estrutura do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Segundo ele, o assunto foi amplamente discutido pelos países latino-americanos, que consideram fundamental uma reforma do organismo. "O BID tem dado financiamentos importantes para a América Latina, mas foi desvirtuado e não é controlado pelos latino-americanos", disse. "O BID foi desvirtuado ao longo do tempo e ele é controlado mais pelos americanos." Mantega defendeu uma mudança na governança do banco para que os países latinos tenham o controle da instituição.

Crise internacional

Mantega rebateu reportagem veiculada na imprensa que dizia que a América do Sul é refém de economias desenvolvidas e que a região não tem promovido reformas. "Não concordo com isso. Todos os países (da região) fizeram reformas e tiveram comportamento muito mais responsável que os avançados. Todos os países estão com as finanças mais sólidas do que os avançados e por isso mesmo que em 2008 conseguimos superar a crise mais rapidamente que eles, que até agora não conseguiram superar", disse a jornalistas.

Mantega reconheceu que as economias latinas dependem dos mercados desenvolvidos, mas ponderou que, hoje, essa dependência maior é dos emergentes - da Ásia e da própria região. "Entre nós há sinergia maior com a Ásia do que com os Estados Unidos e Europa. Aumentou o nível de comércio entre os nossos países", acrescentou. Ele também reconheceu que "sempre tem reforma para ser feita e consolidada".

Brasil

O ministro comentou ainda sobre as taxas de juros no Brasil. Segundo ele, elas são relacionadas com a inflação e não com os reflexos da crise internacional. "Temos metas de inflação, e os juros estão condicionados a isso e não a outras variáveis. Não podemos deixar o foco da inflação", afirmou.

Indagado sobre o aumento do corte de gastos no Orçamento de 2012 Mantega disse que a conduta fiscal deste ano será mantida nos próximos anos. "Portanto, devemos impedir o crescimento dos gastos, que deve ser inferior ao PIB (Produto Interno Bruto)".

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