Em reunião nesta quinta-feira (29) com representantes de bancos privados, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tentou contornar um início de crise do governo com o setor. O motivo é a ofensiva do governo para tentar forçar os bancos privados a seguir as instituições públicas e reduzir os juros cobrados nos empréstimos.

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A estratégia governamental de promover cortes ousados nas taxas praticadas pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal já deveria ter sido anunciada publicamente por cada uma das instituições, mas foi suspensa até segunda ordem do ministro.

Mantega decidiu, primeiro, conversar com o setor privado. Tratada como reservada, a reunião com os maiores banqueiros privados do país, hoje em Brasília, teve o clima de um encontro entre pessoas pouco amigas que precisam manter a aparência e não avançou muito.

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Segundo a reportagem apurou, ao lado do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, o ministro fez uma apresentação da conjuntura e deu dois recados: de que não há motivos para a concessão de crédito cair no primeiro semestre deste ano e o segundo foi de que, como a economia brasileira mudou de patamar, nada justifica os bancos cobrarem taxas de 9%, 10% ao mês em alguns produtos como cheque especial e cartão de crédito.

Por fim, pediu a colaboração do setor privado que estava representado pela cúpula do Bradesco (Luiz Carlos Trabuco), Itaú (Roberto Setúbal), Santander (Marcial Portela), além do presidente da Febraban (Federação dos Bancos), Murilo Portugal. Também estiveram presentes Aldemir Bendine (BB) e Jorge Hereda (Caixa).

O ministro recebeu dos banqueiros a promessa de que a Febraban organizará, em conjunto com as instituições financeiras, um grupo de trabalho para apresentar propostas de ação ao governo.

Os banqueiros saíram de lá convictos de que redução de taxa de juros para o governo da presidente Dilma Rousseff é uma questão "absolutamente política" disfarçada de técnica.

Dilma quer forçar uma redução do spread bancário (diferença entre a taxa que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram de seus clientes nos empréstimos) considerado elevado pelo governo e um entrave para destravar o investimento privado.

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No entanto, o governo não quer passar uma imagem de que está interferindo no mercado. Desde a semana passada, os bancos públicos estão com as respectivas estratégias de redução dos juros cobrados dos clientes prontas para serem lançadas.Encomendadas pela presidente, as medidas continuam na dependência do sinal verde do ministro. Após o encontro de ontem, Mantega decidiu conversar com a presidente antes de deslanchar a ofensiva oficial. Como Dilma está em viagem ao exterior, o assunto ficou para semana que vem.Na terça-feira, o governo anunciará medidas para estimular o investimento. Entre elas a desoneração da folha de pagamento para alguns setores e diminuição do custo dos empréstimos do BNDES para investimentos. A redução dos juros dos bancos públicos não deverá ser incluída no pacote, a não ser que haja determinação da presidente.