O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou hoje que acertou com o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, que ambos defenderão uma discussão e um acordo sobre a questão cambial na próxima reunião do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo). Em conversa por telefone na tarde de ontem, eles combinaram que vão "fazer força para que a questão seja colocada em pauta".
Segundo o ministro, Geithner confirmou que os EUA não pretendem deixar o dólar se desvalorizar em relação a outras moedas. "Ele me garantiu que a política americana não é desvalorizar o dólar, pelo contrário", disse.
De acordo com Mantega, com o dólar forte, tanto Brasil quanto EUA teriam mais condições de começar uma negociação multilateral e também teriam como continuar pressionando a China a valorizar o iuan. Conforme afirmou o ministro, porém, a negociação no G-20 não será fácil, mas ele e Geithner apresentarão propostas.
"Não dá para fazer como em 1985, nos Estados Unidos, um acordo Plaza", disse. Mantega se referiu ao acordo que levou à desvalorização do dólar na ocasião. "É possível que o G-20 saia (a público) e diga que vamos agir em conjunto. Isso já vai mostrar ao mundo que uma solução conjunta pode ser mais efetiva que soluções individuais", concluiu o ministro da Fazenda.
Economia
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ainda que a economia brasileira não está superaquecida. Segundo o ministro, a economia realmente começou aquecida no início do ano, mas desacelerou e, agora, "está rodando a um nível satisfatório". O ministro citou dados de utilização da capacidade instalada e de investimentos para justificar esta opinião.
"Não há pressões inflacionárias de demanda", afirmou o ministro. Questionado sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter a Selic (a taxa básica de juros da economia) em 10,75% ao ano, Mantega respondeu que não comentaria o assunto.