O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira que as turbulências no mercado internacional, decorrentes das incertezas quanto ao rumo do juro americano, seguirão no máximo até agosto.
Segundo ele, o Brasil nunca esteve tão bem preparado para lidar com momentos de crise no cenário externo.
- O Brasil hoje está demonstrando uma grande capacidade de resistência à turbulência internacional. É uma situação inédita no Brasil - afirmou Mantega após palestra em evento sobre tecnologia no setor bancário.
Os mercados financeiros globais estão ariscos desde meados de maio diante da possibilidade de que o aperto monetário nos Estados Unidos seja maior e mais prolongado do que o esperado. Juros maiores na maior economia do mundo reduzem a atratividade de investimentos em países emergentes e considerados de maior risco, como o Brasil.
- Hoje o Brasil produz superávit comercial, hoje o Brasil produz superávit em transação corrente, então está sobrando moeda forte no país... Quando há uma turbulência sofrem os países que têm falta de dólar - avaliou Mantega.
O ministro espera que o Federal Reserve, banco central norte-americano, eleve a taxa de juros em 0,25 ponto percentual na reunião da próxima semana, para 5,25% ao ano.
- Talvez em agosto, na próxima reunião do Fed, eles possam subir mais 0,25 ponto. Depois disso não haverá mais elevações e já haverá uma acomodação dos capitais em escala internacional. Então eu acho que a turbulência, na minha opinião, deve durar no máximo até agosto - disse.
Ele considera a recente desvalorização do real em relação ao dólar e a queda da Bolsa de Valores de São Paulo como movimentos de ajuste.
- Essas flutuações no Brasil são menores do que as flutuações que ocorrem em outros países, como por exemplo o México, a Índia, que são países considerados sólidos, às vezes até mais sólidos do que o Brasil.
Durante sua palestra, Mantega disse que um superávit comercial entre US$ 38 bilhões e US$ 40 bilhões é suficiente para manter o nível de vulnerabilidade baixo em caso de crises externas.